A Vovó

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 Tom e eu corremos.

 A Dra. Patel retorna ao quarto, nos encontrando por entre lágrimas — minhas, mas consigo ver os olhos dele brilharem também — e risos, e ele é o primeiro a erguer o olhar para ela, sorrindo de orelha a orelha.

 — Nós vamos ter um bebê. — Tom anuncia, como se fosse a coisa mais normal do mundo. — Acho que você não vai poder fazer o seu trabalho agora.

 Ela parece surpresa, pega totalmente desprevenida, mas não contesta. Me faz assinar um termo de responsabilidade e segura a porta para nós, e enquanto passamos pela mulher de jaleco, tenho a impressão de ver o vislumbre de um sorriso cruzar seu rosto enquanto ela nega rapidamente com a cabeça.

 E então nós corremos.

 Ele segura minha mão firme, como se jamais fosse soltá-la, e nós corremos para fora da clínica, feito duas crianças.

 Feito a criança que estou carregando agora.

 Feito o bebê que correrá conosco daqui alguns anos.

 Daqui alguns anos, pois precisaremos carregá-lo nos primeiros.

 Pensar nisso só me faz correr ainda mais, e rir ainda mais, e chorar ainda mais.

 Meu Deus, ainda estou grávida!

 Nós realmente vamos ter um bebê.

 Vamos ser pais.

 Meu peito dói quando entramos no carro, consequência dos meus 22 anos de sedentarismo e da adrenalina que irradia pelo meu corpo de ponta a ponta, mas não consigo parar de rir.

 Rir por entre as lágrimas que continuam a correr.

 Malditos hormônios!

 E agora, vou ter que lidar com eles por mais seis meses inteiros porque...

 Porque vamos ter um bebê!

 — Oh Deus... — digo quando finalmente consigo emitir algum som que não sejam gargalhadas estrondosas. — Nós vamos realmente fazer isso.

 Apoio as duas mãos sobre meu ventre e encaro Tom com os olhos arregalados, mas ele ri e assente.

 E coloca uma mão sobre as minhas.

 — Vamos. — Tom sorri de lado. — Vamos fazer isso.

 E então tudo parece em seu devido lugar.

 Nada parece capaz de dar errado.

 E só existe a gente.

 Nós três.

 Lembrar disso faz uma onda de calmaria correr meu corpo, cessando quase por completo o nervosismo que provoca meu estômago.

 Me remexo desconfortável na cadeira, observando o professor algumas fileiras abaixo. Ele aponta algo na lousa, mas minha cabeça logo volta a parecer atordoada demais para se focar em Redação Jornalística.

 Pisco algumas vezes, sentindo o enjoo se instalar, e toco minha barriga.

 Estamos bem, não estamos?

 Respiro fundo, soltando o ar devagar então.

 Por ora estamos, mas daqui menos de uma hora, quando minha mãe descobrir que estou grávida de um cara que sequer é meu namorado, não sei se estaremos.

 — Por hoje é só, pessoal. — o Sr. Poole anuncia, se voltando para o auditório. — Nos vemos na próxima semana.

 O falatório dos meus colegas de turma se inicia enquanto ouço uma sequência de notebooks se fechando e passos ao meu redor. Todos parecem ter algum plano para o fim de semana, ou alguma fofoca quentíssima que não pode esperar até que estejam do lado de fora para espalhar.

All My Life | Tom Holland ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora