Carrossel

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Tom.


Quando a boca de Reyna se fecha, paro de ouvir. É como se meus tímpanos parassem de funcionar, ou simplesmente como se houvesse água dentro dos meus ouvidos, fazendo com que todo e qualquer som ao meu redor se torne abafado, da mesma maneira que seria se todos estivessem ao longe.

Mas não estão.

Estão todos ali, me rodeando.

Reyna está ali, sentada a minha frente.

E está grávida.

Minha cabeça roda como se eu estivesse em um maldito carrossel. Ou como se estivesse muito bêbado, mas não me lembro de ter bebido antes de sair de casa. De toda forma, com certeza irei beber depois daqui.

Reyna; a melhor amiga de Sara, que é a nova namorada de Harrison; está grávida.

E eu sou o pai.

Camisinha filha da puta.

— Pode dizer algo, por favor?

Pisco atordoado, tão chapado de adrenalina que me pergunto se é esse o êxtase das pessoas que usam drogas pesadas. E então, focalizo a garota do outro lado da mesa, dando de cara com seus olhos aflitos sobre mim, ansiando por alguma reação que seja. Ela retorce as mãos, estalando os dedos um a um enquanto me encara com o cenho franzido, os lábios comprimidos como se fosse chorar a qualquer instante.

Inflo as bochechas e solto o ar de uma vez, tentando formular algo coerente.

— Uau.

Falhou, Holland.

Os ombros dela se tensionam e Reyna se inclina para frente, aguardando o resto da minha fala. Infelizmente, me sinto em meio a um set de gravações, onde esqueci todo o meu roteiro e meu cérebro derreteu, me impedindo de improvisar.

— Você está em choque. — ela constata depois da minha quinta tentativa de falar algo, quando na verdade tudo o que consigo é abrir a boca e fechar em seguida.

— Você não ficou? — questiono o óbvio.

— Ainda estou. — suas sobrancelhas se arqueiam e Reyna se mexe desconfortável sobre a cadeira.

Encaro o restaurante ao nosso redor, de repente me martirizando por ter sugerido um jantar. Se soubesse que era essa a notícia, com certeza não estaríamos em um lugar público, de onde tenho certeza que sairão várias fotos nossas amanhã, nos sites de fofoca.

Que ideia idiota, Holland.

E só vai piorar.

Um arrepio corre a minha espinha ao imaginar como as coisas serão daqui para frente.

Reyna, fotógrafos, um bebê...

O carrossel continua girando no meu cérebro, e aquele monte de câmeras está ao nosso redor, os flashes nos cegando a cada volta que completamos.

Porra, um bebê.

Mal cuido direito de Tessa, que dirá uma criança.

— Bom... — pigarreio, mas ela me corta rapidamente.

— Não podemos tê-lo.

Teria ficado menos surpreso se Reyna tivesse me batido.

Pisco atordoado, focalizando a garota ansiosa do outro lado da mesa.

Reyna é facilmente a mulher mais bonita que já vi, e olha que já vi muitas. Cabelos ondulados que escorrem até o fim das costas, emoldurando um rosto redondo, com olhos castanhos enormes, nariz arrebitado e lábios volumosos. Pareceu muito tímida quando a conheci, mas totalmente diferente quando nossas roupas estavam no chão da sala e ela se movia no meu colo, arranhando minhas costas e mordendo meu pescoço.

All My Life | Tom Holland ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora