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O dia amanheceu cinza, os pássaros não cantaram, o mar se calou e o silêncio me fez pensar

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O dia amanheceu cinza, os pássaros não cantaram, o mar se calou e o silêncio me fez pensar. Esse dia era familiar para mim, como se eu já tivesse presenciado um momento igual a esse.

Foi onde cheguei a conclusão de que nada é esquecido por inteiro, as lembranças ficam lá, guardadas bem no fundo da nossa caixinha de memória e basta uma coisa para lembrar, pode ser uma música, ou até mesmo o clima do tempo.

Lembro do dia em que a minha mãe faleceu, eu tinha apenas dezessete anos quando isso aconteceu. Nunca tivemos uma condição boa, mas posso dizer que eu vivi muito bem ao lado da minha mãe. Nossa vida era como uma montanha russa, tínhamos dias bons e os dias ruins.

Um dia, minha mãe acabou ficando sem dinheiro para pagar o aluguel de nossa casa, que estava quase chegando no prazo. Desesperada para ter um teto para nós dois, ela foi correndo para o banco para pegar um empréstimo e assim conseguir pagar.

Ela dizia que estava tudo bem, mas eu sabia que ela estava tensa demais e eu até cheguei a oferecer minha mesada, mas ela recusou. Ela saiu de casa que nem um flash e bem nesse dia estava chovendo muito forte.

Eu estava em casa fumando um baseado enquanto ela tinha saído, ela não sabia que eu fumava e que parte do meu dinheiro vinha do tráfico. Eu não queria causar problemas, mas era o único jeito que eu conseguia dinheiro rápido para nos ajudar

[...]

As horas se passavam e estava começando a ficar preocupado, mas tentei relaxar pois achei que ela estivesse no trânsito. Assim que eu liguei a TV, vi no jornal um grade acidente que tinha acontecido e logo a cara da minha mãe na televisão

Era perto de casa que tinha acontecido o acidente, eu lembro que eu joguei meu baseado no chão e sai correndo na chuva até o local do acontecimento. Tinha vários policias e jornalistas, eu os empurrei com força permitindo a minha passagem, mas aí eu encaro outra multidão de paramédicos tentando ressuscitar a minha mãe

Ela estava no chão com o seu peito aberto e várias maquinas ao seu redor. Tentei chegar mais perto dela, mas me barraram. Eu chorava feito um condenado, enquanto rezava para que a minha mãe voltasse para mim

Já era tarde, ela havia partido. O acidente saiu nos jornais, o bairro inteiro ficou sabendo e olhavam para mim com dó. Como na época eu era menor, os policiais tiveram que entrar em contato com meu pai, o que foi fácil, por que ele era bem famoso e eu achando que ele estava morto ou só era um cara drogado.

[...]

Não é por que eu não demostre a minha tristeza pela Sabrina, que quer dizer que não me importo. Talvez eu não toque no assunto com a Elle, mas eu sinto e talvez eu não chore por horas, mas doí. Eu sinto tudo, mas finjo que não. Diferente de Elle que não disfarça nada, ela é tão transparente, mas de um jeito bom.

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