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Revisado

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Revisado.

Dylan me levou de volta para a cachoeira e lá cuidou das minhas mãos que estavam carne vivas. Ele as lavou e envolveu algumas plantas nas minhas mãos. Ele sabia o que estava fazendo, já eu não fazia a menor ideia, mas era interessante olhá-lo enquanto cuidava dos meus ferimentos.

- Você é bom nisso - comento admirada

- Eu cuidei de uma pessoa importante há um tempo atrás, então sei um pouco sobre enfermagem - disse mantendo firme o olhar na minha mão

- Posso saber quem... - antes que eu pudesse terminar a minha pergunta eu sou interrompida

- Prontinho - disse se levantando - E da próxima vez que tentar encarnar o Tarzan, vê se tenta escalar uma bananeira mais baixa - disse e eu dou um sorriso amarelo

- Obrigada - digo sem graça - O que está fazendo? - vejo que ele estava pegando alguma gravetos aleatórios no chão

- Não foi você que disse que não queria dormir na areia novamente?

- Mas as minhas mãos...- digo que quase em um sussurro

Não queria contrariar ele, na verdade, eu quero mesmo um abrigo e sem falar que ele havia me ajudado de novo, mas com as minhas mãos desse jeito não havia muito que eu pudesse fazer.

- Só pegue o máximo de galhos possíveis, consegue fazer isso? - diz como se estivesse duvidando da minha capacidade

- É claro que consigo - digo firme, mas na verdade também tinha as minhas dúvidas.

[...]

Começamos a construir o nosso abrigo juntos. Dylan fazia a maior parte do trabalho pesado, enquanto eu só encostava no abrigo quando era necessário uma outra ajuda, já que as minhas mãos estavam machucadas e eu nunca tinha feito isso na vida.

- Os galhos estão soltos, tem que estar firmemente apoiados para que não se mexam - reclama pela centésima vez

- Eu realmente estou tentando. Não tenho culpa se você tem a síndrome do perfeccionismo - digo começando a ficar irritada

- Você já ajudou o suficiente, deixe que eu cuido do resto que é melhor - diz ele sendo estupido

- Ótimo - largo tudo no chão para dar mais trabalho e vou até a beira-mar para esvaziar a cabeça

Eu realmente queria saber o que se passa dentro daquela cabeça do Dylan. Uma hora ele é ignorante comigo, já a outra é cuidadoso ao extremo, como se eu fosse feita de cerâmica e é nesses momentos que me sinto mais confortável ao seu lado.

Talvez seja a ilha que o esteja irritando, não o culpo pela a mudança de humor, já que eu também não estou em minhas melhores condições. Todo esse estresse está nos consumindo cada vez mais e se não morrermos de fome ou de desidratação, morreremos matando um ao outro aqui.

Confesso que também tenho um gênio forte e que tenho uma língua afiada para respostas, mas não sou de ferro, por mais que tentasse ou fingisse ser. Eu não me mantenho firme sempre, as vezes uma palavra ou atitude consegue me derrubar. Suspiro alto e longo, passando as mãos no meu cabelo para não enlouquecer novamente. Fecho os meus olhos e tento relaxar um pouco, esquecendo-me tudo ao meu redor. Aperto a areia molhada com uma leve força e uma lágrima cai do meu rosto. 

Não aguentava ficar aqui, esse não era o meu lugar. Tudo o que eu mais quero é dar o fora dessa ilha e me reencontrar com os meus pais dando um grande abraço neles. Quero muito que eles estejam bem, mas por que toda vez eu tenho a sensação de que nunca mais vou vê-los novamente?

Relaxo a minha mão, que antes por conta da raiva, estavam apertando a areia e noto algumas conchas coloridas mais lindas que as outras. Enxugo a minha lágrima e sou um pequeno sorriso logo em seguida.

Por mais que eu não me sentisse bem aqui, tenho que concordar que a beleza dessa ilha é impressionante e de tirar o fôlego. Quem me dera que todas as ilhas que eu já visitei fossem assim, preservadas e sem serem modificadas pelo homem.

Talvez a ilha não fosse tão ruim assim, mas a ideia de ficar aqui me assustava um pouco. Não havíamos explorado nem a metade dessa ilha, quem nos garante que não há animais selvagem soltos e famintos, apenas esperando uma oportunidade?

Então, meus pensamentos são interrompidos por uma voz que logo me deu dor de cabeça. Deus, dei-me forçar para aguentar esse garoto!

- O abrigo está pronto - ignoro seu comentário e viro o rosto para o outro lado - Pelo visto hoje vai chover - diz mudando de assunto, mas mesmo assim me mantenho em silêncio e me contenho ao máximo para não falar com ele - Vai ficar calada agora?

- Vou entrar no abrigo, antes que eu fique ensopada com a chuva - digo me levantando.

Á medida que eu andava a chuva se intensificava cada vez mais, ainda bem que decidimos construir o abrigo, por que se não passaríamos a noite no frio. Então, eu começo a apresar os meus passos e finalmente entro no abrigo.

Era pequeno, com nós dois dentro tínhamos que ficar um pouco espremidos, mas Dylan tinha feito um bom trabalho, não posso reclamar. Mesmo com a chuva forte, o abrigo não mostrava nenhum sinal de fraqueza e muito menos uma gota de água passava entre aqueles galhos. Por essa noite nós iríamos sobreviver.

[...]

Uma hora havia se passado e quando achávamos que a chuva tinha indo embora, ela chegava cada vez mais forte. O abrigo era bom, mas não o suficiente para nos aquecer totalmente. E mesmo com as roupas, que havíamos achando dentro da mala, eu conseguia sentir o vento gélido penetrando a minha pele sensível. Talvez eu tenha me enganado sobre sobreviver essa noite...

- Se ficarmos juntos podemos nos aquecer - sugere

- Não, eu estou bem - minto, mas na realidade eu estava morrendo de frio.

- Pare de marra, você está morrendo de frio - eu nem ao menos conseguia disfarçar isso - Se ficarmos juntos poderemos nos aquecer mais rápido.

Resisto por alguns minutos, mas acabo desistindo no final e sento do seu lado. Quando eu me envolvo nos seus braços, vejo que Dylan se arrepia com o meu toque e da um leve pulo para trás. Eu com certeza deveria estar uma pedra de gelo.

- Meu deus, você está congelando - diz ele e eu me afasto um pouco - Onde pensa que está indo?

Eu estava prestes a voltar para o meu lugar, não achei que ele quisesse continuar com a ideia de ficarmos juntos para nos aquecer, já que eu estava muito gelada, mas então para a minha surpresa ele pega no meu pulso e me puxa, me fazendo ficar colada contra o seu corpo e cara.

- Você fica - diz ele e eu engulo a saliva

Eu estava imóvel, ele havia me prendido contra o seu corpo de uma tal maneira que eu não conseguia me soltar mais. Tentei evitar o contato dos olhos, estava tão vermelha que não teria coragem de olhar para a sua cara, no entanto eu sabia que ele me encarava.

Dylan me abraça e começa a fazer os movimentos de fricção nos meus braços. Era muito estranho, mas não por que ele estava me aquecendo, mas sim por que eu estava gostando daquilo. Eu me senti calma, protegida e obviamente aquecida.

Antes eu estava constrangida pelo fato de estar quase dentro do Dylan, mas depois de algum tempo essa sensação passou e me senti mais a vontade. Coloquei minha cabeça em seu ombro e assim fiquei até sentir o sono chegar.

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