Meu coração estava batendo dentro da cabeça.
No momento eu estou escondida dentro da casinha de brinquedos no parque infantil da pousada. Eu pude ver o Victor e o Mattew passarem apressados, mas eles não me viram, então voltei a chorar baixinho.
Senti uma pontada na barriga e me desespero.
Eu não queria mais ficar ali, muito menos ser encontrada por alguém. Eu precisava sair imediatamente, mas eu não estava com celular, chave de carro, carro...
Saio bem devagar da casinha, tomando cuidado para nenhum conhecido me ver.
Estava no fim da tarde e eu saio da pousada como se pudesse segurar meu bebê no útero. Caminho devagar até um ponto de táxi e surpreendentemente era uma taxista. Isso mesmo. Uma mulher.
Ela estava encostada no veículo e fumava um cigarro. Sorriu ao me ver. Quando nota meu estado, trata de jogar o cigarro no chão e ficar em estado de alerta.
-Você me leva para a capital?- pergunto.
-Claro!- diz sem reclamar.
Ela abre a porta do carro e eu entro, podendo respirar aliviada. Eu pagava o valor que fosse só pra sair deste inferno!
-Você não quer ir à um hospital?- pergunta enquanto começa a dirigir. -Tu não está grávida?
-Sim.- me controlo. -Mas eu estou bem. Eu só preciso ir...
Mordo o lábio inferior. Onde diabos eu ia?
Então uma lâmpada surge acima da minha cabeça. Dou o endereço da casa da Tássia e a taxista coloca no GPS.
No início a viagem é silenciosa, o que me deixa bastante pensativa. Uns vinte minutos depois a Débora (que se apresentou) já estava falando pelos cotovelos. Estava me contando toda a sua vida. Tudo o que ouviu quando se tornou uma taxista.
-Os comentários foram péssimos! Por isso eu saí da capital. Por aqui eu rodo mais, ganho mais e escuto comentário de menos.- comentou. -Meu marido se divorciou de mim, me achava sapatão.- ela ri e consequentemente eu faço o mesmo. -A mulher não pode lutar que já é chamada de lésbica.- bufa.
Então, Débora toma liberdade e começa a falar sobre feminismo e machismo. Meu Deus, essa mulher não cala a boca um minuto!
-E qual o nome dos bebês?- pergunta quando o táxi para no sinal vermelho.
-Dos?- franzo o cenho. -Eu só tenho um bebê aqui.
-Olha.- ela se vira pra mim. -Eu tive gêmeos. Nessa barriga aí tem dois bebês.- ela ri e começa a dirigir. -Tu não fez ultrassom?
-Fiz uma só.- me sinto mal só de pensar. -Eu não estava com tanto tempo para ficar indo ao médico.- dou de ombros morrendo de vergonha.
-Você precisa trocar de médico.- ela me oferece uma barrinha de cereal e eu fico muito contente pela oferta. -Ou os bebês precisam trocar de mãe.
Ela dá uma gargalhada muito alta e eu tive que fazer o mesmo. Foi impossível segurar o riso.
-E então? Quais os nomes?
-Eu já nem tenho mais ideia...- me lembro o motivo de estar naquele táxi e passo a mão na barriga, imaginado dois bebês para serem chamados de meus. -Quais os nomes dos seus filhos?
-Diogo e Diego. O imbecil do meu ex marido não tem um pingo de criatividade.- eu rio.
Me sinto mais à vontade em tagarelar com a Débora e isso fez com que o caminho da volta se tornasse bem mais rápido.
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O Idiota do Meu Marido
ChickLitMelissa e Breno voltaram. Casados e com problemas que, para resolvê-los, precisarão apagar o passado porque só assim, o amor deles prevalecerá.