Capítulo 2- Breno

4.3K 235 17
                                    

Retornar ao Brasil depois de anos é completamente estranho. Ainda mais para morar definitivamente.

O calor fora do aeroporto está algo absurdo e eu sinto uma imensa vontade de deixar as malas bem ali, entrar num carro e ir à praia.

Mas faço o contrário. Pego o celular e ligo para a Melissa.

-Alô?

-Oi. Onde você está?

-Em casa.

-Ok. Estou indo aí.

Desligo o celular e peço um táxi, lhe dizendo o meu destino.

Me sento e através da janela, tento me lembrar dos lugares que costumava passar antes de morar na Inglaterra.

Não fazem 30 minutos que cheguei e eu já quero voltar.

Minutos depois, devido ao engarrafamento, o motorista para o carro em frente a uma casa onde eu e ela contruímos o nosso amor. Onde tudo parecia fácil, onde tudo parecia eterno.

-Obrigado.- pago o taxista. -Fique com o troco.

Ele sorri e me ajuda a tirar as malas do veículo. Subo os pequenos degraus com as malas, ouço o taxista buzinar e bato na porta uma, duas, três, quatro vezes.

-Mas que droga, Melissa!- resmungo.

Dou um murro forte na porta e por pouco, não acerto o rosto dela.

-Que mau homor é esse, Breno?! Você está maluco?

Ela grita e eu percebo o seu cabelo molhado e o roupão. Ergue uma sobrancelha impecável e cruza os braços.

Ela sai morrendo de raiva e eu entro em casa batendo forte a porta.

-O seu quarto é o de visitas.- ela informa. -Quero ficar bem longe de você.- resmunga.

-É recíproco.- subo as escadas com as malas e fecho a porta do quarto, que estava impecável.

O cheiro estava bom, não tinha poeira. Pego uma toalha e vou pro banheiro tomar um banho. Saio de toalha e procuro alguma roupa confortável em uma das minhas malas.

Pego uma calça moletom, visto e pego uma mala para desfazê-la.

Graças a Deus, as roupas que eu trouxe estavam limpas. Abro o guarda-roupa e ergo as sobrancelhas quando eu vejo o terno que usei no dia casamento. Eu lembro que quando fomos para a Inglaterra, Melissa e eu decidimos combinar de mantermos o terno e o vestido de noiva dela nos guarda-roupas com objetivo e lembrarmos do quão lindo é a nossa história.

Ou pelo menos era.

Deixo o terno no lugar e resolvo ir pra fora do quarto pois um sentimento de saudade invadiu meu peito.

-Assim não dá.- eu esbarro nela. Literalmente.

-Não te vi.- reviro os olhos e saio do corredor.

Vou para a parte de trás da casa, onde havia grama e uma rede. Deito nela, fecho os olhos e me lembro que a gente deitava aqui pela noite, observávamos o céu e ficávamos agarradinhos, aos beijos.

Droga.

Será que cada lugar dessa casa vai lembrar dos nossos momentos?

-Breno?- abro os olhos. -Telefone pra você.- diz com uma cara fechada.

-Quem é?

-Não me interessa.- ela põe os óculos escuros no rosto. -Vou sair. Já que a casa está organizada, vou trazer minhas coisas do hotel para cá.

O Idiota do Meu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora