Capítulo 52

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Na manhã de domingo, pós casório Felipe e Maria Núbia, acordo com os pés inchados.

-Mel?- Breno me vê sentada na cama e me abraça por trás, ainda deitado. -Acordada numa hora dessas?

-É, eu tenho trabalho com a Tássia.- prendo meu cabelo, tentando não parecer nervosa.

Afinal de contas, estava mentindo para o idiota do meu ex marido/atual namorado.

-Sério? Hoje é domingo!- ele bufa. -E temos o churrasco com o pessoal.

-Eu sei, eu sei.- me levanta e o encaro. -Mas eu não posso deixar minha carreira de lado, entende?- aponto para minha barriga. -A mamãe precisa trabalhar!- ele sorri.

Me arrumo rápido. Quanto mais cedo falar com o Peter, mais cedo tudo isso acaba.

-E os seus pés?- Breno me pergunta quando já estou para sair de casa.

-Estão aqui.- aponto e ele revira os olhos, me fazendo rir. -Vou ficar quietinha, prometo.

Breno me dá um beijo e eu sigo para o ponto de táxi. Confesso que fiquei um pouco traumatizada com o fato do Peter ter dirigido o carro no outro dia. Então preferi pegar um táxi.

Minutos depois, já no estabelecimento do Peter, coloco o óculos escuro no rosto e sento perto de uma estante de livros, no mesmo local da primeira vez.

Maurício, o garçom do outro dia, se aproxima.

-A senhora quer fazer algum pedido?- pergunta.

-O Peter está?- ele olha no relógio.

-Ele deve estar chegando.

-Tudo bem, eu espero. Não quero nada, obrigada.

-Fique à vontade.- ele se retira.

Olho para a estante de livros que estava bem perto e me surpreendo quando vejo o livro que eu escrevi. Curiosa, o pego e sorrio.

Meu Deus, esses livros me trazem tantas memórias ruins! E adivinhe? Estou à espera da minha memória ruim. E ele vai sentar bem aqui, na minha frente.

Procuro uma caneta na minha bolsa e decido assinar o livro. Deixo o óculos escuro na cabeça.

"Espero que goste do livro. Não esqueça: denuncie todo o tipo de abuso.
Com amor, Melissa"...

Paro de escrever. Melissa Cavalcantti ou Füller?

..."Füller."

Decido não ficar mal com isso. Tecnicamente, estou divorciada do Breno.

-Não permitimos que os clientes rabisquem os livros.- Peter fala e eu sinto até minha espinha arrepiar. -Estou brincando!

Bom, não que eu tenha alguma.

Ele se senta na cadeira da frente e eu coloco o livro no lugar, jogando a caneta na bolsa.

-Você demorou.- minha voz falha.

-A Fran dormiu lá em casa.- ele sorri.

Nojo. É o que eu consigo sentir.
Mas me mantenho calada.

-Bom, e então? Qual sua decisão?

Seria ruim se eu falasse que não tenho resposta?

Respiro fundo e meu coração começa a bater acelerado. Eu estava bem ali, de frente para o Peter, com os pés inchados e grávida de gêmeos. O pior nem são essas coisas que eu disse. O pior é que o Breno nem desconfia dessa minha mentira.

Por Deus, como eu estou arrependida!

-Lissa?- Peter balança os dedos na frente do meu rosto.

-Oi?

O Idiota do Meu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora