Amor Além da Vida( Completa)

A TENTATIVA

 A mulher, continuava a o olhar, em extrema expectativa; esperando que este, lhe desse uma breve resposta. No entanto, o homem, podia sentir, bem no interior de si mesmo, que não o podia fazer.

Não neste momento. Porquanto, á mente dele, parecia até se tratar de um labirinto; sem a menor chance de saída.

Sua mente, não passava de um emaranhado de idéias. Em sua maioria, completamente desconexas.

Estava muito desnorteado. O retorno desta mulher á vida dele, tivera á capacidade, de desorganizar absolutamente tudo, o que já havia planejado.

A volta dela, possuía um sabor agridoce. Ao mesmo tempo, que ficava feliz em saber, que não a tinha perdido para sempre; ficava também, bastante triste, por constatar que a mesma, fora capaz de tantas armações; somente com o único intuito, de tentar fugir de uma vida, que lhe parecera, um fardo pesado demais, para que pudesse, vir a carregar.

Ele, não tinha a menor ideia, de como deveria se comportar ou que resposta deveria dar. Pelo menos, não ainda. Ou talvez, não pudesse a responder, da maneira, tal qual, a mesma, gostaria que ele a respondesse.

Como poderia, conseguir passar uma borracha em tudo o que ocorrera e fingir, que nada havia acontecido!? Como seguir em frente, com á filha de ambos; formando uma família, sendo que ela mesma, decidira no passado, abdicar deste direito, tão sagrado!? E mais ainda! Quem poderia, vir a lhe dar uma mínima garantia que fosse, que a mesma, não agiria do mesmo jeito outra vez, assim que tivesse, uma nova oportunidade de partir!?

Estas, eram apenas, algumas das inúmeras questões, que lhe torturavam á mente. Se sentia muito atormentado e temeroso de se render ao charme dela de novo e mais uma vez, sair ferido deste caso.

Sabia porquanto, que não iria mais suportar, ser obrigado, a passar por todo aquele sofrimento outra vez. Se acontecesse tudo de novo, não sobraria nada dele.

Seria completamente destruído. E este, era um preço altíssimo a se pagar. Mesmo que fosse, por amor á Marina e para viver ao seu lado; pelo menos, por mais algum tempo.

Não se sentia pois, pronto, para retornar, a viver um romance com Marina. Porquanto, no fundo, não tinha mais, a confiança necessária, para vir o fazer.

Se fosse colocar em uma balança, tudo o que já passara, sofrera e penara, nas mãos dela; á atitude mais sensata e correta, que teria a tomar, seria a expulsar de uma vez por todas de sua vida rapidamente. Mas, infelizmente, sensatez e correção, não eram ás palavras mais adequadas, para se assimilarem a ele, quando se tratava de sua ex amante.

Parecia que Caio, perdia todo o senso de raciocínio lógico, quando se tratava de lidar com Marina. O seu amor pela mesma, o retirava totalmente do chão e o fazia perder completamente o eixo.

Como se o mesmo, se tratasse de algum pateta apalermado; que era plenamente guiado, pelas vontades dela, em detrimento das suas. Ficava sem saber o que falar ou como agir.

Ela e "SOMENTE ELA", possuía o dom de lhe roubar toda á racionalidade e á paz de espírito. E tornava á vida dele, um emaranhado de confusões e psicoses.

Nunca sabia, nem jamais poderia saber, qual era ou seria, á próxima atitude da mesma. E neste exato segundo, estava chegando a pensar, se não teria sido mesmo melhor, que Marina, tivesse realmente morrido.

Depois da morte dela, pois, á vida dele, tinha finalmente, tomado um rumo. Apesar de que á dor, em tempo nenhum, tivesse desaparecido por completo, de todo o seu ser.

No mesmo instante, porém, em que esta reflexão nefasta, lhe invadira á mente; se auto-recriminou. Porque não devia desejar, o falecimento de ninguém.

Mesmo que fosse, o de uma mulher, que só fizera, bagunçar toda a sua existência. E que justo agora, que se não conseguira de todo, vencer e ultrapassar á tristeza; ao menos, havia aprendido, a conviver com ela; retornou do mundo dos mortos, para o desestruturar de novo.

Como era bem típico da mesma, aliás. Pensar somente em si e esquecer, os anseios e sonhos dos outros.

Para Marina, o universo, tinha sempre, que girar em torno dela. E absolutamente tudo, ser da maneira, cujo queria e imaginava.

Se achava uma verdadeira rainha. E os outros, seus reles súditos; que tinham que se submeter aos seus insanos caprichos e realizarem, os seus mínimos desejos; por mais absurdos, que estes, pudessem parecer.

A menos que ela, houvesse se modificado bastante; o que ele, duvidava muito; não se achava nada disposto, a viver ao seu lado outra vez. Não desejava retornar a ser, um simples joguinho descartável, nas mãos dela.

Estava porquanto, exausto demais disto. Além de ainda por cima, não ter mais idade, para este tipo de situação degradante e desgastante.

Enquanto a sua cabeça, dava voltas e mais voltas, se debatendo sobre estas questões; á mulher, á frente dele, se tornava cada vez mais aflita, diante do silêncio do mesmo. Queria muito, possuir o dom, de saber o que estava se passando, na mente deste homem agora.

Infelizmente contudo, não possuía. Portanto, tudo o que lhe restava, era continuar a aguardar, que ele, finalmente, se desse ao trabalho, de romper todo este mutismo e expor para ela, o que realmente, estava dentro do cérebro dele.

A aflição de Marina, estava quase á beira, de se transformar em uma crise de histerismo. Pois, estava submersa em dúvidas e medo de não ser mais aceita. Ou pior.

Ser desprezada e enxotada dali, á pontapés. Amava Caio, de todo o seu coração. E desejava na realidade, tornar a fazer parte da rotina dele e criarem juntos Nayanny; que era o fruto mais lindo e puro deste amor; que sempre fora tão conturbado; mas que agora, estava mais do que disposta a concertar e o viver de verdade; consertando enfim, todos os seus erros e nunca mais, envolvendo uma terceira pessoa, na história dos dois.

Exausta de tanto esperar, decidira enfim, ela mesma, romper este silêncio sepulcral. E perguntou:

- E então, Caio!?... O que você me diz!?... Podemos...voltar a ficarmos juntos e...criarmos...a nossa filha!?

O homem, sabia que não poderia fugir para sempre, de a responder. Portanto, respirou, o mais profundamente, que os pulmões humanos, permitiriam a alguém.

Após fazer isto, a olhou, bem no fundo dos olhos. E o que Marina, viu nos dele, a fez prender á respiração; tomada do mais intenso e imenso pavor, que já havia sentido, em toda a sua vida.