Embate Direto

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Passados dois meses, a situação de Caio piorou e chegou a um ponto insustentável. Sabia que cedo ou tarde, seu credor  misterioso mandaria seus "funcionários" executarem a dívida.

  Ao mesmo tempo, ele descobriu que sua irmã estava namorando Paulo. Daí, foi confrontar o mesmo, que não demonstrou a mínima surpresa ao vê-lo à sua porta. Mas, mesmo que quisesse, não poderia fazer nada; pois,  teve a porta esmurrada pelo rival. E ao abri-la,  levou um soco, que o levou ao chão.

- Levanta desgraçado!- gritou. - Levanta pra apanhar de novo, que eu não bato em homem caído!... Homem não!... Verme!... Pois, um ser asqueroso como você, que usa os sentimentos de uma mulher inocente, pra se vingar de outra pessoa, não é digno de ser chamado de homem!

Paulo ergueu-se devagar e apesar de ter o queixo sangrando, sorriu ironicamente. E o olhou com um misto de desdém e ódio.

- Do que você está falando, Caio!?... Se tem algum verme aqui, este é você!... Ou esqueceu que foi você, quem me traiu da maneira mais vil, que se pode trair alguém, que te considerava um irmão!?

-Seu desgraçado!!!!!!!!!!

Iria bater nele outra vez, mas foi impedido por ele, que segurou-lhe a mão no ar. E sorriu asquerosamente.

-Por que eu sou desgraçado!?

-Você ainda pergunta, seu miserável!?

-Presumo que esteja falando de sua irmã Milena, não!?

-Por que Paulo!?... Para que a seduzir, desta maneira tão sórdida!?... Ela não te fez absolutamente nada!... Você fez isto, apenas por que ela é minha irmã!?... Somente para me ferir, fazendo-a sofrer!?

Paulo sorriu perfidamente. Sorriu não!... Gargalhou durante muitos minutos.
Enquanto isto, Caio sentiu os olhos marejados.  Por culpa única e exclusiva dele, sua irmã, sua caçulinha tão amada, sofreria por uma vingança fútil e tola de um homem, que um dia, fora como um irmão pra ele.

E de que adiantava tudo isto!?... Ele e Paulo, envolvidos nesta história perversa, estavam vazios e infelizes. E desta forma, também ficaria Milena. Ela seria quem mais sofreria ao perceber que fora usada e abusada, como um mero meio para um fim.

Enfim, Paulo, parara de rir. No lugar do sorriso, nasceu uma sombra negra em seu olhar.  Aproximou-se bem de seu agora inimigo mortal e olhando no fundo de seus olhos, proferiu:

-Eu nem precisei me esforçar, para "seduzir" como você diz, sua irmã!... Ela veio de livre e espontânea vontade!... Nunca a obriguei a nada!... Todas as vezes em que fizemos amor e não foram poucas, ela veio porque quis!... E se entregou de muito bom grado a mim de corpo, alma, mente e coração!

-Você a usou, Paulo!... Se aproveitou do interesse, que ela sempre mostrou ter por você e utilizou isto,  sem dó nem piedade, apenas para me atingir!... Você quer me ver sofrer!... E para isto, não poupou esforços, não é!?... Porquanto, se minha irmãzinha caçula sofrer, eu sofrerei muito mais!

-Você pensa, que suas palavras me comovem!?... Nada vindo de você,  me causa a mais remota simpatia, Caio!... Você destruiu a minha vida!... Você e aquela desgraçada da Marina ; que espero com todas as forças do meu ser, que esteja apodrecendo  no mais profundo fogo do inferno!... Você, seu miserável, era para mim, o irmão que nunca tive! Mas, me apunhalou da maneira mais pérfida, me traindo com minha mulher e a engravidando!... E se eu não tivesse ido embora, não saberia nunca e criaria uma filha que não era minha!

- O que você pretende de fato!?

-Destruir você!

-Através da Milena!?... Você não sente nada por ela!?... Nem mesmo piedade!?

Neste momento, os olhos de Paulo, brilharam de uma maneira incomum e ele não conseguiu mais sustentar o olhar de Caio.  Deu-lhe às costas e se afastou.

" Se sentia alguma coisa por Milena!?"-pensou. - Infelizmente, sentia sim!... Muito mais do que deveria e poderia sentir.
Sabia muito bem, que quando ela tomasse conhecimento, que a princípio, se aproximara dela,  para saber os pontos fracos de seu irmão e se vingar dele, nunca mais a teria em seus braços. E muito menos, em sua vida.

A despeito de tudo em que acreditava, apesar de isto não dever lhe doer, doía profundamente. So então se deu conta do óbvio.

Ao iniciar esta maldita vingança, não levara em consideração um fator crucial. Poderia perder seu coração no meio do caminho.  E foi o que aconteceu.

Não imaginava que depois de Marina, pudesse amar outra vez. Contudo, infortunadamente foi o que ocorreu.  Se apaixonara justamente,  pela última mulher que deveria.  A irmã de seu pior inimigo. No entanto, não daria a satisfação de revelar isto a Caio.

-Você não vai falar nada!?

-Eu não te devo nenhuma satisfação da minha vida!

- Não quero saber da tua vida!... Estou preocupado com minha irmã!

Paulo o olhou com ódio profundo. Sua vontade era esmurra-lo até perder suas forças. Porem, a muito custo, se conteve. E respondeu com crueldade.

- Embora eu não te deva a menor satisfação da minha vida, vou satisfazer a tua curiosidade!... A resposta é não!... Não sinto nada por sua irmã!... Nunca a amei!... Não amo!... Nem jamais amarei!... Me aproximei dela,  apenas para saber os seus podres e te aniquilar, Caio!... Confesso que ela é até gostosinha!... Mas o máximo que me despertou foi desejo!... E olhe lá!... Na realidade, eu a desprezo completamente!... Assim como desprezo você!... Pois, sendo sua irmã, o máximo que ela pode despertar em mim e asco!... Um nojo profundo e irrefutável!... Vocês dois são seres desprezíveis!... Não me admira ela ter caído logo em minha lábia e em minha cama!... Afinal, com o fogo que aquela mulher tem!...

Caio iria bater nele. Mas, quando se aproximou para o fazer,  ficou estático. Como Paulo estava de costas para a porta, não teve a mesma visão que o outro. Entrementes,  achou estranha a atitude de seu adversário e resolveu olhar para trás.

Qual não foi sua surpresa ao ver parada ali no rol de entrada,  Milena,  que totalmente estupefacta, olhava os dois, com os olhos repletos de lágrimas, tristezas, dores e mágoas.

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