Com a volta de Sasuke as ruas de Konoha, após ter sido julgado por Tsunade, condenando-o a ser servidor da aliança ninja, não restavam dúvidas, tudo estava se encaixando novamente.
Sakura estava se adaptando a sua nova rotina de chefe do hospital, a guerra deixou traumas em todos, alguns não conseguem sequer falar sobre os acontecimentos, visto isso ela sabia muito bem o trabalho árduo que se tinha pela frente.
Mas além de ajudar os seus amigos, os pacientes e a administração do hospital, ela ainda tinha lidar com um problema muito maior : ela mesma.
Sempre tratava de ajudar a todos, muitas vezes além do seu próprio alcance, mas sentia como se não tivesse feito sua parte na guerra, tinha a impressão de um um enorme vazio crescendo em seu peito, lágrimas discretas saiam dos seus olhos, pesadas e doloridas, além dos vários pensamentos que a invadem a todo momento; alguns são memórias da guerra recente, mas a maioria são dos rostos pálidos, gelados e extremamente machucados que ajudou a dar a biópsia, foram tantas pessoas mortas, que ela mesma resolveu acelerar o processo dos funerais.
— Muitos de nós perdemos pessoas nessa guerra, pessoas importantes e queridas, suas ausências serão sentidas a todo instante, seja nos nossos sonhos ou em conversas sobre o passado recente. Sei que está sendo sobre-humano o trabalho que estamos desempenhando, está difícil assimilar tantas perdas, mas imploro a todos vocês, me ajudem nesses próximos dias, sem um de vocês isso não poderia tá sendo feito, vamos dar continuidade as biópsias, enviando cada shinobi morto as suas vilas.
- sua voz está embargada de choro, mas precisava manter a postura, fechou os olhos, respirou fundo e continuou :
— se para nós está sendo horrível, imagine para os filhos, pais e amigos próximos à vítima, estes estão em uma agonia profunda a espera da despedida dos seus entes queridos. Vamos nos organizar em equipes de 7 pessoas, revezando turnos de 12 em 12 horas. Deixo a cargo de Shizune a organização das equipes, saibam que sou extremamente grata a todos pelo esforço, irei me juntar às equipes, pois sou mais útil colocando a mão na massa nesse momento - olhou para todos, suspirou e somente conseguiu dizer - ARIGATÔ a todos! Dispensados pessoal.Todos os ninjas presentes a olhavam, foi ela quem convocou a reunião, queria compartilhar com cada membro da sua grande equipe médica o sentimento que tinha, e com um sorriso meio apático pelo cansaço, agradecia cada um por estarem ao seu lado nesses dias, sabia a importância do trabalho de equipe.
Antes de deixarem a sala principal do hospital, e voltarem aos seus trabalhos, teve o mais sincero gesto, todos se curvam em reverência a ela, sabia que a maioria, senão todos, compartilhavam os mesmos pensamentos e sentimentos.
Vendo esse ato não conseguiu mais esconder as lágrimas, que as deixava cair sem cerimônia.Subiu as escadas para sua sala, não queria desmoronar mais na frente de toda sua equipe, lembrou dos ensinamentos da Hokage, e sussurrou para ela mesma!
- uma líder forte terá uma equipe forte.E era exatamente o que pretendia fazer, deixar todos amparados nesse momento de tristeza, por mais que ninguém a ampara-se ela iria dar seu melhor a todos, era sua missão.
Sentia aquele vazio crescer quando estava sozinha, então tratou de ocupar todo seu tempo no hospital, chegou a se mudar para um dos quartos vagos no prédio a frente do trabalho, mal dormia em casa, sempre fazia as refeições no escritório e não tinha tempo para sair com os amigos, recusava vários convites de comemoração pelo fim da guerra, e pensava com ela - a minha guerra ainda não acabou...
Bem no fundo ela sabia que precisava descansar, mas quando fechava seus olhos, somente aquele vazio a invadia, chorando incansavelmente por horas e pegando no sono inconscientemente, somente através do cansaço físico.Acordou olhando atordoada para o relógio ao lado da cama, eram 00:48 da manhã, chegou do hospital as 20:30, tomou uma ducha e caiu na cama.
— Pelo menos dormi um pouco.
Pensou alto.
Ficou mais uns minutos olhando o clarão na janela, e começou a sentir um desconforto no lado esquerdo de sua barriga, que logo se transformou em uma queimação incontrolável, e lembrou que não havia comido nada mais que uma pílula de comida durante todo o dia.
— preciso comer.
Levantou trêmula e foi até a cozinha cambaleando, estava realmente enfraquecendo aos poucos. Sendo consumida.
Tentou infundir chakra para conseguir melhorar, como muitas vezes fez no hospital, nas cirurgias, e para dormir, mas sem resultado, ela realmente precisava comer.
Olhou na cozinha toda e não tinha nada mais que água e uma flor morta que ganhou de uma família agradecida.