Logo que me sentei para o jantar, procurei seus pés embaixo da mesa. Toquei de leve um e o olhei, Kakashi me encarava curioso, fiz um carinho e coloquei o outro por cima.
-Não quero ficar longe..Comentei dando de ombros e sorrindo amavelmente.
Me voltei ao prato e logo percebi movimentos a minha frente.
Kakashi me olhou e abaixou a máscara devagar. Continuava me encarando. Parecia querer olhar minhas reações.
Que sinceramente não sei quais foram.
Quando ele terminou de tirar a máscara, eu suspirei profundamente e não pude deixar de comentar.
-Kakashi, por que você esconde isso ? Por que usa essa máscara ?
Não conseguia parar de admirar seu rosto. Suas expressões por completo, seu jeito, sua boca..
-Quando eu era criança.. e meu pai..
Ele parecia buscar as palavras certas, seu olhar estava fixo na mesa..
-Kakashi, não precisa.. foi uma pergunta muito indiscreta. Quando você se sentir confortável você me conta, tá tudo bem..
Coloquei minhas mãos na mesa e deixei elas com as palmas para cima.
Kakashi me olhou e sorriu de canto. Seu olhar me dizia muito mais que qualquer palavra.
Suas mãos encontraram as minhas.
-Arigato.
No mesmo momento que dizia essas palavras, ele virava minhas mãos e beijava-as, segurando com firmeza.
-Vamos comer.
Disse a ele, que só fez um pequeno sinal de afirmação.
Me voltei ao prato e começamos a comer juntos.
Quando já estava quase terminando minha refeição em silêncio ouvi algo inquietante.
-Sakura, qual é o sentido disso tudo para você ?
O encarei e franzi minhas sobrancelhas. Não tinha entendido sua pergunta.
-Como assim Kakashi ?
-Sabe, Nós dois, essa vida, seu trabalho, a última guerra, qual o sentido da vida pra você?
Meus pensamentos correram com cada palavra. Nunca ninguém tinha me perguntado algo assim. Sempre soube que Kakashi era preso em seus pensamentos... mas me perguntar algo tão profundo e tão íntimo não é dele, ou melhor, não era.
Organizei minhas palavras e comecei.
-Antes da guerra tinha uma visão mais emocional do mundo, achava que o sentido era crescer, amar e fazer meu trabalho da melhor forma. Acreditava que a vida tinha sentido, que era algo para plantar e depois colher. Sempre esperava que o futuro fosse melhor que hoje.