Depois de passar em meu apartamento, decidi ir observar a rotina da Sakura. Precisava entender a situação.
O hospital fica em um bairro próximo a praça Senju, área mais verde e calma da vila.
Cheguei nos arredores do hospital e me sentei em um galho, com visão para todas as janelas do hospital.
Sabia que Sakura estava ali dentro, conseguia sentir a presença dela vindo da ala pediátrica.
- melhor eu observar seu dia todo, vamos ver como melhor posso cuidar dela, sem atrapalhar seu trabalho.
Peguei meu livro e comecei a ler.
Passado alguns minutos, notei de relance uma figura na janela, era ela, aqueles olhos não são possíveis de confundir, verdes esmeralda. Seu cabelo rosa lembrava as árvores ao seu redor, cerejeira. O cheiro que sentia vindo da primavera das flores lembrava muito a última missão do time 7 no país do chá, onde ela ficou horas me curando de um ferimento na cabeça, e eu deitado em seu colo.
Suspirei em pensar como eram bons aqueles tempos do time reunido.
Olhei atento para ela, lembrando todo o passado que vivemos juntos até ali, quando de repente notei algo peculiar em seu rosto, que a muito tempo não via, aquele sorriso sincero, inocente, um dos mais bonitos que já presenciou.
— sinto saudades desta alegria.
Fui até o telhado perto da janela para escutar a conversa e saber o motivo desse sorriso.
Sakura falava calma e com a voz de despedida.
Estava dando alta a um menino, pelo tamanho, não tinha mais do que 8 anos.
— você precisa voltar me visitar, prometo que eu mesma farei todas as suas consultas, e se me garantir que não vai me esquecer, separo aqueles biscoitos que você tanto gosta... Kanaro, você vai crescer e se tornar um grande ninja, tenho certeza disso.
— Arigato minha médica favorita. Arigato, Arigato. Vou me tornar um ninja igual a você.
Fazia reverências a Sakura que se abaixou e o abraçou, deixando as lágrimas escorrendo.
— você vai ser muito melhor que eu Kanaro, agora trate de ir pra casa, você passou muito tempo lutando contra esse câncer, precisa recuperar o tempo perdido. Até mais meu paciente favorito. - Sakura se levantou e beijou sua testa.
—Até dra. Sakura.
Observei os três saindo do quarto até a porta do hospital.
Sakura ficou sozinha, suspirando e dando adeus.
— melhor eu sair daqui antes que ela me veja.
As horas passaram rápido, não viu mais vestígios de Sakura, mas sentia sua presença toda hora, não parava por mais que alguns minutos em um só lugar, caminhou o hospital inteiro. Supôs que ela também não tinha se alimentado e nem descansado.
Respirou aliviado quando sentiu sua presença se acomodar em uma ala nova, ele mesmo nunca tinha chegado até lá, odiava estar em hospitais.
— ela deve estar almoçando, vou aproveitar e me alimentar.
Tirando algumas pílulas de comida e novamente começou a ler seu livro.
O dia passou rápido, e decidiu que só iria para casa depois de Sakura estar na sua residência.
Era por volta das 18:30, e Sakura sai pela porta lateral do hospital, senta se encostando na parede, com a cabeça entre as pernas, parecia estar descansando. Foi quando escutou o soluçar de choro, baixinho e dolorido, ficou observando a cena. Já tinha visto ela chorar várias vezes, mas não dessa forma, não dessa maneira, não com essa dor. Precisava fazer algo.