32 - Me desculpe.

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- Sua sala - Após fechar a porta atrás de nós, o senti nas minhas costas

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- Sua sala - Após fechar a porta atrás de nós, o senti nas minhas costas. Tinha completa noção da proximidade do seu corpo, e não me afetar pela sua presença era a tarefa mais ardua de toda minha vida.

Não era tão grande quanto a de Harry ou Raul, mas era uma sala, e minha, com o mesmo modelo de mesa e cadeiras. Não era um cubículo para que eu me espremesse. Minha própria sala.

- Posso decora-la? - questionei, imaginando uma estante de livros, quadros engraçados pelas paredes e um tapete fofinho.

Seu sapato se arrastou no chão, e eu sabia que se me movesse minimamente para trás encostaria nele.

- Pode destrui-la e refazer ao seu gosto, se for isso que quer - Abaixou seu tom, propositalmente, provavelmente tendo noção de quanto sua voz ficava sedutora desta forma. - Caso queira colocar novos móveis, é só me pedir e eu compro o que quiser.

O olhei de esguelha, por cima do ombro.

- Costuma oferecer o mundo às novas funcionárias?

Ele deu uma risada nasalar.

- Só a você, Theodora - sempre com a resposta certa na ponta da lingua, ele me desarmou. Mantive meus pés firmes no chão e tratei de manter a respiração calma para que ele não notasse meu nervosismo.

Sua mão foi até meu braço, o aperto firme disparando ondas de eletricidade na pele exposta.

Não ia e nem devia virar. Se eu visse seu rosto fraquejaria.

- Não me afaste - seu pedido foi como uma pancada no meu peito, fazendo meu coração afundar.

Três meses.

- Foi o unico que começou isso - falei. Sua mão ainda na minha pele, irradiando calor.

- Theo, você foi embora.

Não vire. Não vire. Não vire.

- Sabia o caminho da minha casa, e aparentemente, sabe como chegar ao meu dormitório - eram fatos tão concretos. - Mas não me procurou. Nenhuma vez. Não houve mensagens, nem ligações. Nada - E eu esperei por elas, por qualquer coisa, dia após dia. Até não esperar mais.

- Teria me perdoado se eu pedisse? - Ele soava tão confiante.

- Não.

- Pois é.

Girei nos calcanhares, ficando frente a frente com ele.

- Isso não justifica nada! - Explodi. - Eu esperei, esperei que batesse na minha porta, esperei que me procurasse - sentindo o ar entrar e sair com dificuldade, empurrei seu peito e ele cambeleou para trás. - Esperei mensagens, ou ao menos uma. Esperei qualquer coisa, Harry!

- Theo...

- Sabe por quantas noites eu chorei? - indaguei sentindo a ira borbulhar dentro de mim. - Porquê não simplesmente me procurou, porquê esperou me ver na droga de um bar para lembrar que eu existia?!

Três DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora