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- Só você mesmo pra enfiar a gente nisso. Eu poderia estar em casa agora, mas não, estou indo para um bairro super perigoso pra descobrir a vida de uma menina que eu nem conheço! Jennie, eu já disse que te odeio? Porque eu te odeio muito!

- Jisoo, minha amada Jisoo, eu não aguento mais ouvir a sua voz, então... dá pra calar a merda da boca!

- Primeiramente, Chaeyoung, eu não sou sua 'amada. E outra, não! Não dá pra calar a boca, eu estou nervosa, e você sabe que eu não paro de falar quando fico nervosa.

- Te pago um ramen se ficar quieta.

- Jogando sujo, Jennie? Ok, você ganhou. Tudo por um ramen.

Mesmo não aguentando mais ouví-la falando, eu preferia a sua voz do que o silêncio daquele bairro. Estávamos lá, onde a garota foi resgatada, e agora não sabíamos como começar.

- E se perguntarmos para os moradores? Podemos bater nas portas e pedir informações, você tirou uma foto dela?

- Sim. Mas eu ainda acho muito arriscado.

- Vamos em apenas uma, se vermos que o pessoal não é tão amigável, tentamos outra coisa.

Olhamos para a casa ao lado da nossa, simples, porém de todas ali, era a mais convidativa. Jisoo bateu na porta, e uma senhora bem simpática nos atendeu.

- Boa tarde, senhora, somos estagiárias do hospital à três quarteirões daqui, e queremos saber se em algum momento, você ou alguém viu essa menina aqui.- ao mostrar a foto da garota adormecida, a mulher ficou branca, chegando a tremer um pouco.- Você a conhece? É muito importante para nós.

- E-eu... eu acho melhor vocês entrarem.

Meu coração se encheu de esperança, se era para entrarmos, então significa que ela tinha informações. Chaeyoung segurou o meu braço, ela olhava com desconfiança.

- O que foi?

- Não sei não, Jennie. Vai entrar assim? Nem conhecemos essa mulher.

- Qualquer coisa chamamos a polícia, vem.

Meio relutante ela entrou junto a mim e a Jisoo. A casa era composta por três cômodos, mas mesmo assim muito confortável. Nos sentamos no pequeno sofá que tinha ali, vendo a senhora adentrar um cômodo e depois voltar com algo na mão.

- Vocês querem algo para tomar?

- Não, muito obrigada. Só precisamos saber sobre a menina.

- Como a conheceram?

- Ela deu entrada no hospital que trabalhamos, e para ao menos poder chegar ao um resultado do seu quadro, precisamos de dados básicos sobre ela.- Jisoo concluiu.

- Certo...

- Você a conhece?

- Olha, eu não posso falar isso para vocês, mas também não quero ver a Lisa como uma pessoa desconhecida no hospital.

Lisa, esse era o nome dela? Rimava com linda, coisa que ela era.

- Os pais dela estavam devendo uma quantia muito grande para o chefe da organização de tráficos, e como eles não tinham dinheiro para pagar, o chefe disse que mataria o primeiro filho do casal. Quando Lalisa nasceu, eles entregaram ela pra mim, pedindo unicamente para que eu não deixasse Lisa sair na rua, ou no jardim. Ela passou vinte e quatro anos da vida dela aqui dentro... sem ver o sol, sem ver outras pessoas a não ser eu, sem ter contato com ninguém. Na noite que ela foi socorrida, tivemos uma discussão, ela queria muito sair, mas ainda era procurada pelo chefe de tudo aqui. Dessa vez ela não me ouviu, ela saiu, estava a noite... e os caras viram ela, eu tentei impedir, mas eles a acertaram, e a única coisa que eu pude fazer foi ligar para a ambulância, se eu fosse junto, eu poderia morrer também. Eles vão atrás dela, em breve, eu sei que vão.

Eu ouvi tudo aquilo de boca aberta. A menina praticamente não sabia o que era o sol, não teve contato com outro ser humano, será que ela sabia ler? Sabia escrever? Como alguém vive vinte e quatro anos trancado dentro de uma casa?

- Ela está em coma agora. Achamos que foi por falta de oxigênio no cérebro mas isso é muito raro. Eu perguntaria se ela tem algum tipo de doença... mas creio que ela tenha a imunidade muito baixa. Ela não tem vitaminas no corpo, ela não cresceu do jeito certo, uma simples gripe pode matá-la, me encanta saber que ela está viva se realmente o caso raro venha dela.

- Lalisa nunca ficou doente.

- Como ficaria?- eu murmurei.- Como ficaria doente trancada dentro de casa por vinte e quatro anos? A senhora tem ideia do que fez? Meu Deus, eu realmente não acredito nisso.

- Jennie, calma.

- Calma, Jisoo? Calma? Você ouviu o que ela falou? Como que a Lalisa conseguiu sobreviver a falta de oxigênio, sendo que uma gripe, uma merda de um resfriado pode matá-la? Como você pode deixar uma menina trancada em casa durante vinte e quatro anos? E não venha com a desculpa de que não tinha outra solução porque sempre tem outra solução. Preciso ir pro hospital. Lalisa é mais delicada do que eu pensei. Vamos.

- Muito obrigada pela informação, senhora. E desculpe a minha amiga, ela está realmete envolvida nesse caso.

- Ah, e mais uma coisa. Não ouse pensar em ir visitar a Lalisa, porque eu vou mover céus e terras para que você não entre no hospital, e vou tratar de alertar a polícia sobre isso.- a raiva que estava no meu corpo subiu se uma forma tão grande que eu senti o meu rosto inteiramente quente.

Eu corri, simplesmente corri não me importando com nada. Eu precisava ver ela. Torcendo para que tivesse acordada.

Eu passei diretamente pela Karen, ignorando ela chamando o meu nome, eu me sentia pesada, e o único lugar que me deixava em mim mais uma vez era a enfermaria. Ela ainda dormia. Agora sabia o porque dela ser tão branca.

Dessa vez eu não consegui falar nada muito animador para ela. Apenas me sentei ao seu lado e com as pontas dos dedos toquei a sua bochecha. Um motivo desconhecido por mim, me vez sorrir. Porque eu sorri?

- Eu vou cuidar de você, querida... eu vou cuidar de você.

Wake up, my dear ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora