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- Perdão?

- Não se faça de desentendida, Jennie. Cadê a Lisa?

Ah... então aquela era a suposta "mãe" da minha namorada. A mulher que a abandonou. Que a deixou trancada durante vinte e quatro anos. Era tão bom saber com quem eu estava lidando.

- Pois bem, senhora Manoban, o que você realmente quer?

- Eu já disse, quero ver a minha filha.

- A filha que a senhora deixou trancada dentro de uma casa durante vinte e quatro anos? A filha que é caçada pela máfia por conta de uma dívida que você e o seu marido deve? A filha na qual tive que ensinar tudo o que uma criança normal sabe. Você tem certeza que pode chamá-la assim? Ou melhor, tem certeza que pode ser nomeada como mãe, senhora Manoban? Que tipo de mãe é essa? Que foge deixando pra trás um bebê e o mantendo preso. Você sabe qual foi o primeiro pedido da Lisa? Ela queria ver o sol. Uma coisa que foi privada dela durante tanto tempo. Eu sentiria vergonha em voltar e exigir algo a esse tipo. Se sente melhor, Lalisa está muito bem, muito bem sem a senhora.

Eu tinha muita coisa para falar, mas me contive. Aquela mulher mesmo sendo assustadora, não me intimidava, e eu tive pena da minha namorada ter uma mãe igual aquela.

- Acha que só porque salvou a vida dela, pode tomar decisões pessoais, Lisa que deve escolher se quer me ver ou não. E ela à de querer, se não-

- Se não, o que? Acha que pode me ameassar? Pode ameaçar a Lisa? Quem é você de fato? Ah sim, está certa de quem deve escolher isso é ela, mas não se sinta frustrada se caso ela venha, e te mande embora, pois é isso que ela vai fazer.

- Veremos então, Jennie, eu volto amanhã, no mesmo horário. E quero a minha filha aqui.

Quando ela saiu, uma preocupação involuntária tomou conta da minha mente. Lisa não tinha ideia, ela poderia perdoar a mãe por tudo, pois a minha menina era inocente demais. E mesmo querendo vê-la feliz, não precisava da mãe para aquilo. Eu fechei os olhos tentando manter a calma sobre aquela situação tão aleatória. Logo agora?

Acho que foi questão de quinze minutos que aquela mulher saiu, para mais uma vez alguém entrar no meu consultório. Minha surpresa foi ver a menina escondendo o rosto atrás de um grande buquê de margaridas, e na outra mão um ursinho de pelúcia tão convidativo para ser abraçado e apertado.

- Oi, Nini!

- Hey, o que faz aqui? Não tinha aquela super prova importante?- foi então que eu vi o sorriso mais lindo e largo do universo. Caminhei até ela esperando alguma resposta.

- Eu passei! Passei na prova, Nini! Vou para a segunda fase do curso!

Meu coração se transbordou de alegria, e eu senti os meus olhos se encherem de lágrimas. Eu agarrei o seu pescoço em uma forma de parabeniza-la, mas aquilo foi tão incrível que eu simplesmente não consegui fazer nada, além de chorar de felicidade.

- Não chore, Nini... por favor, não chore...- acabei rindo da sua preocupação, me apaixonando ainda mais pela aquela voz suave com uma pitada de preocupação. Sem deixar de abraça-la, colei as nossas testas sendo inevitável não depositar vários beijos em seus lábios vermelhos e carnudos.- Trouxe para você.- por fim aceitei o lindo buquê, inalando aquele perfume natural.- E esse aqui, é pro nosso filhotinho.- olhei para o ursinho, sorrindo feito uma idiota para ela.- Sei que ainda não está no seu horário de almoço, então vou esperar aqui do lado de fora para almoçarmos juntas.

Achei que ela estivesse brincando ou algo do tipo, pois meu horário de almoço seria daqui uma hora e meia, mas quando eu saí, lá estava ela. Concentrada em um livro. Percebi o quanto a amava.

- Hey, não precisava ter ficado aqui, querida.

- Eu falei que ficaria. Podemos ir?

No restaurante, falei a ela que em pouco tempo teríamos que ir ao o obstetra que Jisoo havia marcado para mim, eu iria completar dois meses de gestação, e ainda não tinha ideia do que fazer ou por onde começar. Era realmente muita informação. Boas obviamente.

Com Lisa agora na segunda etapa do curso, em pouco tempo estaria capacitada para arrumar algum emprego, e seria bom de alguma forma, pois meus planos envolvia nós três morando em uma casa maior. Eu falava de tudo, apenas para não abordar o assunto que era o principal motivo por qual eu teria ido almoçar com ela.

- Então... preciso te falar uma coisa... relacionado a sua família...

- Minha mãe?

- É... quer dizer... Lisa, a sua mãe deve ter te falado que de fato, você não tem o mesmo sangue que o dela, certo?

- É, ela me falou sobre isso. Falou que a minha mãe e o meu pai não tinham condições de cuidar de mim, nunca me interessei por nenhum dos dois. Porque está me falando isso?

- A sua mãe me procurou no hospital.- soltei em uma respirada só, fechando os olhos com medo de sua reação. O carinho que ela fazia em minha mão parou, e eu temi pelo o que aconteceria a partir daquele momento.

- Minha mãe...?

- Ela quer ver você, conversar com você... não sei se é o certo, mas Lili, não quero que se envolva com essa mulher... sei que não é o meu direito, mas ela não merece ter a sua atenção. Claro essa decisão é completamente sua. Ela irá ao hospital amanhã, esperando que você também vá para encontrá-la, você-

- Eu vou.

Wake up, my dear ( Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora