Ao ver um par de olhos verdes escuros abrindo aos poucos e o aperto em minha mão se intensificando um pouco mais, comecei a tremer, de alegria e de medo.
Lalisa estava acordando depois de dois meses.
Eu a olhei quando seus olhos abriram por inteiro, e eu acompanhei bem de perto quando a sua pele ganhou um tom corado, bem destacado por conta da sua palidez. Eu não sabia o que falar, nem o que fazer. Eu queria pular em cima dela, e encher aquele rosto de beijos até arrancar uma risada dela. Mas eu travei de um modo que só o seu aperto em minha mão fez com que eu saísse do transe.
- Você... você acordou...
- Acho que sim... eu não sei...
Na hora veio em minha cabeça "ela ficou trancada em casa durante vinte e quatro anos, ela não sabia de praticamente, absolutamente nada."
- Você... como se sente?
- Eu estou com muita fome... me desculpe...
- Não. Não peça desculpa... isso é bom, isso é ótimo pra falar a verdade, seus órgãos extremos ainda funcionam bem. Só preciso avaliar o seu raciocínio e começamos os exames. Tudo bem?
- Acho que sim...
- Qual é o seu nome?
- Lalisa Manoban.
- Quantos anos você tem?
- Vinte e... vinte e quatro.
- Sabe quem eu sou?
- Jennie.- como um espelho, nós duas sorrimos, era lindo o sorriso dela, de uma forma que não dava para explicar. Mas logo as pérolas branquinhas sumiram deixando apenas um sorriso tímido em seus lábios, quase inexistente.
- Certo, vou me encarregar de trazer os aparelhos e-
- Eu... eu estou em um hospital? Onde grávidas dão a luz e bandidos baleados entram em uma cama de rodinha para poderem tirar a bala?
- É...
- Minha mãe me contou sobre esse lugar... mas eu nunca vi um de tão perto...
- Jennie, você viu... AI MEU DEUS ELA ACORDOU!
O escândalo de Jisoo fez Lisa gritar colocando a mão no rosto começando a chorar igual uma criança. Eu corri até ela acariciando seus fios alaranjados tentando passar alguma calma para ela.
- Não tenha medo, querida. Essa é a Jisoo, eu falei dela pra você enquanto dormia, ela não vai te fazer mal algum. Não chore, eu estou aqui... caralho, Jisoo, precisava gritar igual um papagaio?
- Vou chamar a Chae e o Seung-
- Não! Não chama ninguém ainda. Você sabe...- ela entendeu o que eu quis dizer apenas por olhar o estado aterrorizado da Lisa.
Era o primeiro contado dela com alguém a não ser com aquela senhora. Seria difícil. Aos poucos, Lisa parou de tremer, mas agarrou o meu braço escondendo o rosto ali, tendo medo de olhar para Jisoo.
- Me desculpe se a minha reação foi eufórica, não quis te assustar. Apenas fiquei muito feliz, pois acompanhei o seu quadro de perto e ajudei Jennie a cuidar de você.
- Não tenha medo dela, querida, ela é a minha amiga, não colocaria ninguém perigoso perto de você.
Lisa - ainda bem agarrada ao meu braço - olhou para a Jisoo. Seus olhos eram tão lindos e tão encantadores que eu não ligaria em me perder naquele oceano esverdeado.
- Vou trazer algo para você comer-
- Não me deixe aqui sozinha, Jennie... por favor...
- Eu vou! Pode deixar que eu trago algo para você. Vou trazer um ramen de tirar o fôlego!
- Ramen...?- ela me olhou ainda assustada.
- Não se preocupe, você vai gostar. Obrigada, Jisoo.
- Volto em quinze minutos!
Permaneci ao lado de Lisa, ainda não acreditando que ela realmente estava ali. Ela olhava para os leitos vazios ao seu lado, já que os gêmeos haviam sidos transferidos para outro hospital. Olhava para os seus batimentos pelo o aparelho, e por fim ela olhou pra mim. Curiosidade era algo nítido em seu olhar, sua pele ficou rosada, e ela logo abaixou os olhos com vergonha.
- Você ouvia tudo?
- Huhum... dês da primeira vez que falou comigo... por algum motivo eu gostei da sua voz, ela me levava para lugares bons.
- Se eu soubesse teria conversado com você dês do primeiro dia que chegou.
- Obrigada por fazer as minhas unhas, Jennie. A minha mãe cortava elas, e falava que o cortador era uma arma, eu nunca podia usá-lo, apenas ela...- não consegui falar nada, apenas me arrumar para que ela se sentisse confortável em meus braços. Era estranho. A voz dela era linda.
- Acho que o dia que eu fiz as suas unhas foi o meu favorito. De algum modo você falou comigo.
- Posso te contar como eu consegui apertar a sua mão?
- Eu adoraria, querida.
- Eu vi você sentada ali na minha frente, e me vi deitada aqui... eu não sei te explicar como eu vi. Eu vi você chorando, e a sua voz estava triste, você falava da sua irmã, e eu fiquei triste em te ved daquele jeito, e eu não consegui fazer nada. Então eu me deitei do mesmo jeito que eu estava, e fechei os olhos, desejando te mostrar que você não estava sozinha, e eu senti um força pequena, acho que eu acabei chorando em ver que você ficou feliz em ver que eu havia conseguido... você ficou feliz, Jennie, ficou orgulhosa por eu ter conseguido...?
- É claro que eu fiquei, querida... acho que nunca me senti tão feliz... agora você está aqui.
- Você ainda vai continuar cuidando de mim?
- Você quer?
- Eu quero ver o Sol...
- Você vai ver o Sol, querida... você vai ver o Sol...
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Wake up, my dear ( Jenlisa G!P)
FanfictionJennie Kim foi surpreendida quando uma menina deu entrada em seu hospital em estado de coma. Sem identidade, sem parentesco, completamente desconhecida. Jennie luta contra todos para cuidar e ficar ao lado da garota, percebendo que o seu coração aos...