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Os alunos andavam para lá e para cá enquanto Hian esperava Gregori no corredor que dava acesso a biblioteca da Universidade. Ele havia se adiantado, não iria ser motivo de crítica, ainda mais vinda do príncipe-gato-idiota.
Faltavam cinco minutos quando ele apareceu. Hian o enxergou de longe. Estava de calça jeans clara e uma camiseta rosa simples. Carregava uma mochila preta nas costas e segurava alguns papeis em uma das mãos. Hian não pôde deixar de notar que algumas garotas olhavam para Gregori enquanto ele desfilava pelo corredor e conversavam entre si, aos cochichos e ele, sempre sério, não desviou o olhar, seguindo até chegar onde Hian estava parado.

- Nós teremos que ir antes da aula começar à biblioteca - Hian o informou.

- Ainda bem que não me atrasei então - Gregori disse ao consultar a hora no visor do celular.

- Ótimo - ele respondeu friamente. - Vamos?

Os dois seguiram pelo corredor até o destino final. Hian era amado pela bibliotecária, uma senhora gentil de nome Mária. Baixinha, usava óculos a todo momento. Quando o viu chegar, não deixou de esbanjar felicidade.

- Oh Hian, meu querido. Você por aqui!

- Oi dona Mária. Tudo bem?

- Graças aos céus. Uma dor aqui e outra ali, mas nada que eu já não esteja acostumada -ela dizia enquanto tocava em uma parte das costas. - Então, quem é esse rapaz bonito? Seu namorado?

Hian gelou e ficou surpreso com a pergunta. Olhou para Gregori que retribuiu o olhar sem demonstrar nenhuma reação espantosa.

- Não dona Mária. É meu... Meu colega de classe - respondeu corando um pouco. - Viemos fazer uma pesquisa para um trabalho.

- Ah entendo. Uma pena. Vocês formariam um casal muito bonito - ela terminou a frase com um sorriso. - Bem, fiquem à vontade. Vou terminar de registrar algumas informações no sistema. Se precisar, basta chamar.

- Obrigado dona Mária - Hian agradeceu e seguiu até uma das primeiras mesas.

- Não. Aqui não - declarou Gregori.

- E por que não?

- Aqui é onde faz mais barulho por ser uma das primeiras mesas e toda vez que alguém chegar irá tirar nossa concentração. Vamos ficar naquela - e apontou para uma das mais afastadas.

- Está bem - suspirou Hian.- Qualquer uma delas serve.

Naquela parte da biblioteca era realmente mais silenciosa, mas ficava um pouco oculta das demais. Hian escutou e analisou atentamente todas as informações que Gregori havia reunido. Eram essenciais e ele fez questão de anotar boa parte para que pudesse estudar no decorrer da semana. Sentaram um de frente para o outro e ambos escreviam atentamente.

Hian olhou discretamente o colega sem que ele percebesse. Ele analisou, dessa vez bem mais próximo, cada detalhe do rosto de Gregori, a forma como seus olhos se mexiam das apostilas para seu próprio caderno, seus cabelos, seus braços. Pela primeira vez ele sentiu vontade de tocá-lo, de sentir novamente o calor que emanava daquele corpo. Lembrou-se do sonho que tivera com ele. De seu hálito de hortelã entrando pelas suas narinas, de sua boca tão próxima.

- Se continuar me olhando assim, vou te beijar - Gregori declarou sem tirar os olhos das anotações.
Hian, por sua vez corou e tentou disfarçar. Mas era tarde demais.

- Quem está te olhando? Eu? Você é maluco.

- Eu percebi seu olhar sobre mim. E confesso que gostei de ter alguém tão próximo assim me observando - ele provocava e sorria no final. Hian corou. Não tinha como mentir então resolveu não falar nada.

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