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Marley ajudou o filho a ir par ao banheiro. Gregori estava sujo de sangue, suas roupas manchadas da essência vital, seu rosto inchado. Ele sentia-se dolorido mas estava bem consigo mesmo. No final das contas, confessou aos pais que era gay. Aquilo era de certa forma, como se tirassem um peso enorme de suas costas.

Ele ligou o chuveiro e sentiu a água quente descer pelo corpo. No chão, a água escorria avermelhada, junto ele fazia com que todas as suas lembranças ruins também se fossem. Lembrou-se de Hian. Agora sim, sentia-se livre para ficar com ele, sem medos e sem receios de nada.

Quando saiu do banho, vestiu-se e abriu a porta. Sua mãe estava no quarto, segurava um recipiente com pedras de gelo e uma toalha pequena.

- Vem, senta aqui - ela disse apontando para a cama que um dia fora do filho. - Vamos cuidar disso.

Gregori fez o que ela pediu. Sentou-se na cama e a observou envolver as pedrinhas com a toalha. De leve ela encostou no lado direito do seu rosto. Ele sentiu o toque gelado mas não doeu. Sua mãe o olhava preocupada e em seu íntimo, ela sentia raiva do marido por ter feito aquilo.
Marley deixou lágrimas escorrerem em sua face e Gregori as secou.

- Desculpe mãe - ele baixou os olhos. - Desculpe por te fazer chorar, por te fazer passar por tudo isso. Mas eu não aguentava mais.

- Você não tem nada que se desculpar - ela o confortou. - Você não fez nada de errado. Seu pai que é impulsivo e acha que tudo se resolve na briga.

Gregori não respondeu. Ele amava os pais, mas não queria que sua mãe passasse por aquilo.
Ela trocou o gelo e encostou um pouco perto do olho dele.

- Então, você é gay.

Era uma afirmação.

- Sou.

- Mas filho, você não namorava aquela garota, a Ming?

- Você nem tem idéia do quanto ela interfere na minha vida e tenta acabar com minha felicidade - Gregori sentiu raiva de Ming. Mas naquela altura do campeonato, ela não poderia atingi-lo mais.

- Nossa, então muita coisa aconteceu desde que você se mudou para lá.

- Sim. Mas tudo começou aqui.

- Como assim? Nunca te vi sair com outros garotos, a não ser seus amigos os quais eu conheço.

- Eu me envolvi com o Deniel.

Marley o encarou.

- Então está explicado.

- Explicado o quê, mãe?

- O por que de ele ter perguntado sobre você - ela falou enquanto Gregori secava a água que escorria no rosto proveniente do gelo. - Confesso que fiquei meio incomodada quando ele perguntou, não entendi o motivo. Mas agora tudo está claro.

- Mãe, você tem vergonha de mim?

Marley sentiu como se algo dentro dela perfurasse seu coração. Ela colocou a toalha com o gelo de lado e abraçou o filho.

- Vergonha?  Eu? Nunca.

Juntos eles choraram. Gregori se sentia dolorido da surra que havia levado, mas cada dor no corpo o fazia se sentir mais seguro e o abraço da mãe lhe tirava todas as dores.

- Eu jamais vou sentir vergonha de você, meu filho - ela olhou bem em seus olhos. - Veja só! Você se tornou um homem. Poderia ter se escondido como tantos outros, mas não. Preferiu ser sincero e enfrentar as consequências.

- Eu não queria que vocês dois soubessem por outras pessoas e não por mim. E outra que eu já sabia que era uma questão de tempo até vocês saberem.

Ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora