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- Esse lugar me traz lembranças.

- É, realmente traz - Gregori confirmou. - Tanta coisa aconteceu.

- Verdade.

- Eu queria te agradecer, Deniel.

- Me agradecer? - Deniel estava confuso. - Pelo quê exatamente?

- Por me fazer enxergar muita coisa e no final, compreender meus sentimentos. Foi através de você que pude saber o que é amar de verdade.

Deniel não sabia o que dizer. Não esperava que Gregori falasse aquilo.

- Sabe, hoje eu tenho uma pessoa. Na verdade tinha, sei lá. Aconteceu tanta coisa. Mas o fato é que se eu pude amá-lo de verdade, foi por que você me fez enxergar o que realmente sou.

Deniel analisou as palavras dele e pensou no que iria responder.

- Hum... Fico feliz que você tenha conseguido se libertar e aceitado quem é.

- Eu nem queria tocar mais nesse assunto, mas vejo uma necessidade imensa - Gregori deu uma pausa e respirou fundo antes de recomeçar. - Naquele dia que você foi embora, eu me senti o pior ser humano. Eu me culpei tanto, mas tanto que você nem tem ideia.

Deniel ouvia tudo olhando ao longe. Seus olhos encheram d'água e Gregori não percebeu.

- Cada palavra que eu te disse naquele dia - ele continuou - me fez perceber o quanto eu era idiota e insensível. Você se abriu para mim, mostrou seus reais sentimentos. E eu? Apenas me aproveitei e acabei te magoando. Quando percebi, já havia feito a merda e não tinha como reparar.

Gregori ficou cabisbaixo, estava envergonhado. Deniel deixava as lágrimas escorrerem em seu rosto mas continuou em silêncio.

- Eu sinto muito, Deniel. Eu realmente sinto muito por ter feito aquilo com você.

- Águas passadas, Gregori - Deniel secou as lágrimas. - Tenho certeza de que hoje você é alguém melhor.

- Eu acho que sim.

- Naquele tempo eu fiquei muito triste. Fiquei muito magoado e me senti envergonhado. Mas hoje eu estou bem e me sinto bem o suficiente para sentar e conversar com você.

Gregori suspirou. Olhou de lado para Deniel e sorriu.

- Acho que você não sabe, mas depois eu voltei lá na sua casa para me desculpar. Mas você tinha ido embora.

- Eu fiquei chateado com tudo sabe e depois eu não iria saber como te encarar. Então resolvi ir embora.

- Imagino - Gregori foi sincero.

- Mas de certa forma tudo aquilo foi bom ter acontecido. Veja só, eu conheci o meu atual namorado, você pôde enxergar a si mesmo e se permitir, tendo a oportunidade de amar alguém novamente sem medos.

- Sim, eu soube de verdade o que é e como é se apaixonar por um homem - ele lembrou-se de Hian e sentiu saudades. - Eu sinto tanta saudade dele.

- E por que não estão juntos?

- Longa história. História essa que resultou nisso - Gregori apontou para o próprio rosto. - Isso é a prova de que eu o amo. Claro, não para me gabar, mas que eu enfrentarei qualquer coisa para estar com ele sem receio tampouco medo.

Gregori contou sobre todo o enredo, desde o envolvimento de Ming em seu relacionamento com Hian até a surra que tomou do pai. Ele sentiu uma necessidade de conversar com Deniel e de algum modo diminuir a culpa que carregava dentro de si por ter feito ele sofrer um dia. Ao falar tudo aquilo, o peso que sentia no peito diminuiu.

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