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Voltar a rotina foi duro. Hian já até tinha esquecido de algumas coisas. Aqueles dias foram tão formidáveis que sua mente só lembrava dos dias ótimos naquele acampamento.
Levantar cedo para trabalhar e depois ir para a faculdade era sua lida diária. Mas não queria reclamar de nada, afinal ele quem buscou isso e acreditava em um retorno benéfico lá na frente.

No trabalho, ele aproveitou para colocar as coisas em dia. Várias planilhas precisavam ser atualizadas de acordo com as novas informações que sua chefe lhe fornecia. Apesar de ter ficado somente alguns dias de folga, parecia que as coisas haviam se acumulado por semanas.
Não bastasse o trabalho para dar conta, um novo estagiário foi apresentado a Hian e seus companheiros.
Ele se chamava Jordan, tinha quase a mesma idade que Hian e o que destacava mais nele era seu olhar.
Hian ficou incumbido de lhe passar todas as instruções, afinal eles trabalhariam no mesmo setor. Agora ele precisava alternar entre seu próprio trabalho e ensinar ao novato.
Jordan era esperto e logo aprendeu como operar diante do sistema de acordo com as informações e dados. Hian nem precisou perguntar, notou que ele também era gay. Era como se seu gaydar apitasse toda vez que via alguém com a mesma orientação sexual.

Jordan era mais reservado, mas de vez em quando conversava com Hian a respeito da empresa, sobre como era o dia a dia ali, ha quanto tempo Hian estava naquela companhia, se tinha planos de subir de cargo e outros assuntos do tipo. Ele não se importou em responder as perguntas. Tinha gostado do rapaz tanto por ele ser ágil, quanto o fato dele também ser do mesmo "mundo".

Quando o expediente terminou, Hian desceu de elevador acompanhado do novato. Jordan era mais baixo que ele, porém mais encorpado. O que Hian percebeu naquele momento, foi que Jordan trazia uma aliança no dedo anelar esquerdo. Imaginou como seria estar casado.

- Sim, eu sou casado - Jordan havia percebido que ele estava observando sua mão.

- Desculpe, não pude deixar de prestar atenção - Hian ficou um pouco envergonhado por de certa forma invadir a privacidade do colega.

- Sem problema.

Eles foram juntos até o estacionamento. Jordan havia lhe oferecido uma carona, já que morava na mesma região que Hian e o caminho era o mesmo.
No veículo, eles conversaram sobre como era casamento. Hian aproveitou e quis saber como era a convivência a dois, afinal o sonho dele era casar.

- Olha, não é fácil. Não é um conto de fadas, mas tem seu lado bom. Meu parceiro é um cara incrível, sabe cozinhar bem e trabalha no ramo. Estamos juntos há quase oito anos e se for contar o tempo de namoro, somam dez.

- Ele é muito ciumento?
Hian quis saber lembrando-se de como Gregori era.

- Um pouco. No começo foi mais difícil por que morávamos muito distantes e toda aquela questão de fidelidade mexia mais com ele do que comigo - Jordan estava sendo sincero e deixando Hian a par de como era a vida de casado.

- Mas eu não tiro a razão dele, sabe Hian? Eu já namorei mulheres e quase casei com uma. Mas minha atração por homens é desde jovem, desde minha adolescência. Eu acreditava que ficar com mulheres iria me fazer ver que ser gay era errado. Mas eu estava errado por pensar assim.

- Mas como você "descobriu" que gostava mesmo de homens? - Hian quis saber.

- Depois de algum tempo sozinho, eu conheci o Valério. Ele era bem resolvido quanto sua sexualidade. Aos poucos fui conversando com ele e tentando me entender. Ele foi me conquistando do jeitinho meigo dele de ser. Chegou um momento em que me peguei pensando nele o tempo todo, em como seria namorá-lo, como seria fazer amor com ele e confesso  que me masturbei várias vezes pensando nele.

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