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Hian, Gregori, Andry e Susan almoçaram juntos. Havia um rancho próximo, onde turistas iam para fazerem suas refeições. O lugar era simples, anfitriões hospitaleiros. O que mais chamava a atenção dos quatro era a quantidade de animais silvestres que  passeavam para lá e para cá como se não houvesse nenhum humano ali. Hian avistou tamanduás, pequenos macacos, cotias, aves exóticas como tucanos, araras, gaviões.

- De vez em quando aparece alguma onça.

O cozinheiro e também proprietário do lugar comentou. Era um homem que aparentava ter entre trinta e quarenta anos. Tinha o cabelo preto preso em um discreto rabo-de-cavalo. Usava um avental com um "Bem Vindo" destacado. Ele sorriu quando os viu e se aproximou.

- Ai, sério que tem onça por aqui? - Susan analisava a mata que circundava o lugar.

- Claro. Aqui é mata preservada. Nós conseguimos autorização do governo para atuar aqui desde que preservemos o lugar. Não foi fácil sabem? No começo, minha esposa ficou temerosa por não permitirem que construíssemos aqui - ele falava enquanto admirava a paisagem. - Depois tivemos que nos adaptar com os animais que aqui vivem e como ela viveu parte da sua vida na cidade grande, teve medo.

- Eu no lugar dela também teria - Susan confessou.

- É normal que isso ocorra. Depois de um bom tempo ela foi se acostumando.

- E o senhor, não teve medo? - Hian perguntou.

- Eu? Ah não. Eu sempre gostei disso. Diferente da minha mulher, fui criado na fazenda.

- Fiquei com medo agora. Vai que aparece uma onça por aí e me pega?

- Do jeito que você é histérica, é mais fácil os bichos correrem com medo - Andry ria dela.

- Idiota - Susan deu uma cotovelada nele. - Não quero ser petisco de onça, jacaré, macaco...

- Macacos não comem humanos - ele continuou. - Você é muito ingênua.

- Não precisa se preocupar - o anfitrião retornou a conversa. - Geralmente esses animais não se aproximam de locais com muito movimento. Aqui eles apenas passam quando tudo está calmo. Como vocês vieram em turma, acho difícil eles chegarem perto.

- Andry, você tem que me proteger caso alguma fera assim apareça - Susan agarrou seu braço como se ele fosse algum tipo de guardião.

- Ah claro. Como queira, linda donzela - ele completou com modéstia.

- Eu preciso trazer o menu para vocês. A propósito, meu nome é Marcus. Com licença.

Hian observou o homem sumir atrás do balcão. Ficou pensando no que ele havia falado sobre conter animais selvagens por aquele lugar. Lembrou quando ele e Gregori ficaram no maior amasso na cachoeira. E se algum daqueles animais aparecesse, o que eles fariam?

Quando Marcus retornou, entregou um catálogo a cada um deles que escolheram o que iriam comer e beber.
Após alguns minutos eles estavam se empanturrando de comida. Hian achou a refeição maravilhosa, nada de agrotóxicos ou industrializados. Tudo era proveniente da natureza, vindo da forma mais pura possível.
Depois de satisfeitos, os garotos acompanhados de Susan, retornaram ao acampamento.
A professora responsável os convocou e passou uma lista de coisas que eram permitidos e que não eram. Um dos pontos, Hian ouviu, era de não ficar sozinho na mata. Por ser área preservada, ninguém sabia que tipo mais de criatura habitava por ali. Aquilo só reforçou a ideia de Susan em ficar em sua barraca ou perto de muitos colegas.
Hian e Gregori ficaram na mesma barraca e dormiram um pouco. A aventura na cachoeira fez com que eles  gastassem um pouco de energia, sem contar a ida e a volta ao rancho do senhor Marcus.
Gregori não deixou de notar que alguns garotos observavam eles dois desde que chegaram. Sabia apenas o nome de um deles, Marlon. Ele era mais baixo que Gregori e tinha a fama de encrenqueiro. Hian havia dito uma vez que discutira com ele no início do curso, mas que Marlon havia deixado-o quieto depois que Andry o havia defendido.
O que os dois garotos não imaginavam era que Marlon conhecia a ex de Gregori, Ming. Ela o havia contatado quando soube que a turma deles iria acampar e como não pôde ir, deu ordens a Marlon para provocar os garotos e principalmente Gregori. Marlon havia notado que eles eram muito próximos e deduziu que formavam um casal. Apesar de Gregori ser mais alto que ele, Hian era mais reservado e quieto. Pronto, seu alvo já estava selecionado.

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