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Gregori passou mais uma noite em claro e com ele a tensão e a preocupação. Ele tentava se segurar em cada fio de esperança de que achava perdido em si, em cada pedacinho de boa vibração que seus amigos emanavam.
O médico havia dito que Hian estava se recuperando bem e que em breve acordaria. Tirando o fato de que ele poderia acordar sem reconhecer ninguém, seu organismo não havia sofrido nenhum dano, o que facilitou ainda mais a recuperação. Nenhum osso quebrado, apenas alguns arranhões, coisas que com o tempo logo iriam sarar.

- Gregori, você precisa descansar - Andry falou. Ele tinha ido cedo para casa com Susan, tomaram banho, deacansaram e despois voltaram para o hospital. - Eu e Susan ficaremos aqui.

- Eu não quero. Hian precisa de mim aqui.

- Sim, mas não vai adiantar muito se você estiver exausto. Vai ser ele e você nesse hospital.

- Andry tem razão - Susan afastou o cabelo dos olhos dele. - Ao menos vá em casa e tente recarregar as energias. Eu fico aqui.

- Eu te levo, vamos - Andry tocou-lhe o ombro.

- Ok - Gregori enfim cedeu. - Susan, qualquer coisa ou informação você me liga.

- Pode deixar. Ligo na mesma hora.

Gregori saiu na frente e Susan puxou Andry de lado e cochichou.

- Observe-o. Faça o possível para que ele durma um pouco. Ele precisa disso, está sem descanso há muito tempo.

- Deixa comigo.

Andry acompanhou Gregori e juntos entraram no carro. Durante o caminho, Andry sentia a tensão do amigo e lamentou por ele.

- Ei, ele vai acordar logo, você vai ver. Hian é forte, destemido e tenho certeza de que ele vai nos surpreender.

- Assim espero... Assim espero.

Gregori e Andry chegaram no prédio. Subiram até o apartamento e no momento em que Gregori abriu a porta, uma torrente de sentimentos vieram sobre ele. Vislumbrava Hian por todos os cantos daquele lugar e se segurou para não chorar. Respirou fundo e foi até seu quarto. Pegou uma roupa limpa e se dirigiu ao banheiro.

- Fica à vontade Andry.

- Valeu.

Depois de entrar no banheiro, Gregori se despiu e olhou-se no espelho. Realmente, estava péssimo. Olheiras nítidas, os olhos inchados, a feição triste. Cabisbaixo, ele entrou no box e depois ligou o chuveiro. A água desceu em seu corpo enquanto ele, imóvel, deixava tudo transbordar dentro de si.
Ainda não acreditava no que estava acontecendo. Desejou que tudo aquilo fosse apenas um sonho ruim. Que acordasse logo e encontrasse Hian deitado em sua cama, fazendo dengo e o provocando.
Mas era real.
Tudo aquilo era real.
Perguntou a Deus ou qualquer entidade do universo o por quê de eles dois estarem passando por aquilo. Hian não merecia e ele muito menos.

"TOC TOC!"

- Gregori? tudo bem aí?

- Está. Eu já saindo.

Andry não era tão íntimo de Gregori mas compreendeu sua dor. Prometeu a Susan que ficaria de olho nele e o faria descansar nem que fosse um pouco.

- Sente-se melhor? - Andry perguntou ao vê-lo saindo do banheiro.

- Não muito. Mas eu precisava mesmo tomar um banho quente.

- Dorme um pouco. Você está em claro há um bom tempo.

- Não tô com sono - Gregori disse enquanto colocava o celular para carregar.

Andry havia ligado a TV e estava assistindo um documentário sobre o reino animal.
Gregori sentou-se e assistiu com ele. No entanto seu corpo não aguentou por mais tempo. Estava exausto e não demorou mais que dois minutos até ele apagar.

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