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Era estranho dormir sem Gregori do lado. Hian já tinha se acostumado com a presença dele na cama e passar a mão ao lado e não sentir ninguém era algo esquisito. Certo que antes de Gregori aparecer em sua vida, ele dormia sozinho. No entanto, Hian não podia deixar de notar a ausência.

Resolveu então assistir mais uma de suas séries Tailandesas e assim afugentar aquele sentimento esquisito.

Mas foi em vão.

Hian voltou a pensar alto mas não em Gregori e sim na mãe dele, dona Marley. Imaginou a barra que ela teve que enfrentar e pensou na própria familia. Naquela parte ele tinha sido mais rápido e o destino o fez se assumir cedo. Não que ele julgasse Gregori pelo fato de ter se assumido aquela altura do campeonato. Ele tinha até se relacionado com mulheres, então era de se estranhar que ele se assumisse gay. Na mente de qualquer pessoa, isso soaria estranho.
Mas só quem vive sabe como é este sentimento. Hian já tinha conhecido caras que reprimiam o desejo por homens e tinham uma vida falsa, alimentando o sentimento de outra pessoa sem ao menos sentir nada.

Dona Marley era uma mulher forte, aquilo ficou nítido desde que Gregori contara que se assumiu e ela ficou ao seu lado. O que Hian demorava a entender era o por que daquele assunto ter rendido tanto. Por que o pai de Gregori ainda sentia tanto ódio a ponto de descontar na própria esposa? O que levava um ser humano a fazer aquilo? Hian era averso a qualquer tipo de violência e aquilo de certo modo, o enojava.

Hian pegou o celular e acessou suas redes sociais. Estava ficando entediado e ainda nem era madrugada. Entrou no perfil de Gregori e olhou suas fotos. Ia comentar em uma quando uma mensagem apareceu no visor:

"É estranho dormir sem você."

Hian sorriu. Até nisso eles pensavam iguais, ou era o fato de que eles realmente haviam se acostumado com a presença um do outro. Ele digitou de volta:

"Concordo. E estou entediado. Liguei a TV, mas nem as séries q eu gosto me animam. Acho q a gnt se acostumou mal."

Gregori demorou um pouco para responder.

"Desculpe a demora. É, a gente tá mal acostumado. Minha mãe estava falando sobre vc. Ela realmente te adorou. Mas quem não adora né? 😉"

Hian corou.

"Besta. Eu também gostei muito dela. Fico triste em relação ao que ela teve que passar. Mas espero que tudo se resolva. Ela não merece sofrer assim."

Naquele momento, Hian recebeu uma mensagem de outra pessoa. Sua própria mãe.

"Oi filho, como você está?"

Hian resolveu ligar. Estava fazendo de tudo para não se entediar mais.

- Oi mãe.
- Oi Hian. Tudo bem?
- Tudo sim e a senhora como está?
- Eu estou bem. O que você está fazendo?
- Agora, nada. Estou deitado mas sem sono.
- Entendi. Fiquei um pouco preocupada, você não deu mais notícias...
- É que aconteceram algumas coisas mãe, eu realmente fiquei muito ocupado. Desculpe.
- Mas você está bem?
- Estou. Agora estou.
- Já vi que alguma coisa realmente séria aconteceu, né?

Hian lembrou do acidente. Ele não havia contado. Naquele momento, teve uma idéia.

- Mãe, vem almoçar aqui em casa este final de semana. Tenho muita coisa pra te contar e atualizar.
- Ai meu Deus. Pelo visto eu não vou gostar do que vou saber.
- Calma mãe, não precisa ser pessimista. Apenas venha. Outra que também tenho que te apresentar duas pessoas.
- Hmm... Entendi. Certo, eu vou então.
- Combinado então.
- Vou deitar agora. Seu pai já está reclamando.
- Ok mãe, vai lá.
- Se cuida viu? E não me deixa sem notícias suas.
- Pode deixar.
- Fica com Deus meu filho. Eu te amo.
- Também te amo mãe. Até mais.

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