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- Mãe, acho que está na hora de eu voltar.

Gregori não tinha sido bem recebido pelo pai e de certa forma sentiu como se estivesse incomodando. Todos os dias quando ele chegava do trabalho, olhava torto para o filho. Fora que o diálogo entre eles era quase nulo. Gregori ainda percebeu que ele mal falava com a sua mãe. Aquilo começou a ficar chato e ele sentiu que precisava voltar.

- Mas por que? Você tem ficado tão pouco.

- É que... Não está sendo fácil para mim - ele tentou ser sincero sem chateá-la. - Eu sinto que o papai não está bem comigo e não fica a vontade quando estamos no mesmo ambiente.

- Ele também mal fala comigo - Marley desabafou.

- Tá vendo. É disso que eu falo. Ele termina descontando na senhora a raiva que está sentindo de mim.

- Eu já conversei com ele sobre isso tudo. Mas ele é cabeça dura.

- Não se preocupe, mãe. De qualquer forma eu sinto que é hora de voltar. Não posso faltar muito também na faculdade.

- Eu sinto muito por isso tudo estar acontecendo. Queria que tudo estivesse bem e que você tivesse uma boa estadia, afinal você mal vem nos visitar.

- Mãe, você não tem nada do que se desculpar - Gregori a tranquilizou. - Eu gostaria de voltar sempre, mas com a faculdade aí, não posso faltar. Eu voltei mais para esclarecer tudo e já deixar vocês cientes. De qualquer modo, eu já esperava que o papai tivesse essa reação.

Marley lamentava o fato do filho ter que voltar tão rápido. Seu marido havia dificultado muito a situação com sua teimosia. Esperava que ele mudasse sua forma de pensar e aceitasse o filho como ele realmente era. Gregori não era anormal, não tinha uma doença contagiosa e nem era motivo de vergonha. Ela sentia um amor sem igual por ele, afinal ele era SEU filho. Não importava sua orientação sexual, se ele estava bem e feliz, então ela não tinha do que se reclamar.

Gregori continuou conversando com ela no decorrer do dia. Aproveitou e arrumou o jardim, reinvasou algumas plantas e deu dicas a mãe para melhorar o crescimento de outras.

- Gregori?!

Deniel o chamou do portão.

- Ãn... Oi Deniel. Tudo bem?

- Tudo sim. Boa tarde dona Marley.

- Boa tarde, querido.

- Mais tarde eu e o meu namorado vamos fazer uma social - Deniel estava feliz. - Nada extravagante, apenas compramos algumas bebidas e salgados. Na verdade ele quem deu a ideia de te convidar.

Gregori olhou para a mãe. Ela sorriu.

- Vai. Pelo menos vai se divertir um pouco em sua última noite aqui.

- Última noite? Como assim?

- Eu vou voltar amanhã - Gregori respondeu. - Acho que está na hora.

- Então não aceito recusa. Você não está somente convidado, está convocado.

- Pode deixar - Gregori riu. - Mais tarde estarei lá. Obrigado pelo convite.

- Imagina. Dona Marley, se quiser ir também, sinta-se convidada.

- Ah não meu filho, essas coisas não são mais para pessoas com minha idade - ela riu. - Mas só em vocês fazerem Gregori se distrair um pouco, já me deixa mais do que satisfeita.

- De qualquer modo, se quiser aparecer, será bem vinda.

- Obrigada.

- Vou indo então - ele foi se distanciando. - Te esperamos mais tarde!

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