Este capítulo contém gatilho de estupro
Os prédios daquela cidade eram tão altos que pareciam tocar as estrelas, tão luxuosos e brilhantes que davam a impressão de ser inalcançáveis.Mas essa imagem perfeita era usada apenas para desviar a atenção da sujeira escondida nas entrelinhas, onde aconteciam situações desprezíveis que a maior parte das pessoas preferia virar as costas ou apenas fingir não enxergar.
Por trás de toda aquela soberba, em uma rua vazia e suja, uma garota pálida estava abraçada ao próprio corpo sobre a luz amarela de um poste que piscava incessantemente, estar sozinha naquelas condições enquanto esperava um desconhecido era assustador de certo modo e impossível de se sentir segura.
Aquela sensação de medo aumentou ainda mais quando o cliente finalmente chegou, um homem caucasiano de aparência bruta tomou o rosto fino da garota entre as mãos como se analisasse uma mercadoria, seus olhos se iluminaram e um sorriso maldoso abriu em seus lábios como se tivesse acabado de adquirir um item de colecionador.
Os dois não trocaram nenhuma palavra até chegar a um galpão de madeira empoeirado que parecia estar abandonado a anos, mas assim que a porta desgastada foi fechada a garota parou tudo o que estava fazendo para encarar o seu cliente.
— Então, Elizabeth, eles estavam certos, você é linda e tem o rosto tão delicado, não deveria estar em um lugar como esse. – O homem se aproximou enquanto falava calmamente, seus olhos corriam atentamente pelo corpo esguio da garota como se esperasse o momento certo para atacar. – Quantos anos você disse que tinha mesmo?
— Vinte e um, senhor. – Uma mentira típica que a garota usava para se proteger, ela seria facilmente descoberta se qualquer um dos seus clientes a olhasse nos olhos, mas eles estavam ocupados demais analisando o tamanho do seu decote.
— Entendo, deve ser ruim não é? Ter todos esses olhares e saber o que eles querem, imagino que já deve ter passado por situações bem ruins. Sabe do que um homem é capaz quando está sozinho. – A voz vinha de trás da garota o que fez com que o seu pavor aumentasse ainda mais, o homem segurou os fios longos e compridos do seu cabelo com uma leveza questionável jogando todas as mechas por cima de um dos seus ombros.
Elizabeth se sentia incomodada com a maneira como aquele homem falava, mas quanto mais cedo eles terminassem aquilo mais rápido ela poderia ir embora e foi com esse pensamento que a garota obedeceu cada uma das ordens.
Nada aconteceu por um momento até que aquelas mãos brutas voltaram a tocá-la, em segundos o zíper do vestido foi violado fazendo a peça cair no chão e antes que a garota pudesse reclamar um grunhido de dor ecoou por todo o lugar, ele havia a penetrado com tanta violência que era impossível atuar ou fingir estar gostando.
— Não! Espera! Eu quero parar! – Em meio aos gemidos de dor a voz da garota saiu firme, mas aquele homem sequer se importou, pelo contrário. – Por favor...
Os braços da garota perderam a força fazendo seu corpo cair sobre o móvel velho de madeira, a dor só aumentava e todas as suas tentativas de se recuperar foram falhas, era impossível disputar forças com aquele homem. Depois do feito um maço de dinheiro foi jogado sobre o móvel, bem ao centro do campo de visão que ela tinha.
Em situações com essa Elizabeth fechava os olhos com força e repetia para si mesma que havia aceitado aquilo só pelo dinheiro, era uma tentativa de amenizar os impactos que teria na sua cabeça mais tarde, o dinheiro era a desculpa perfeita, o dinheiro era a carta branca para as coisas que precisava passar, mas repetir a mesma mentira várias vezes não faz com que se torne verdade e ela sabia disso.

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Liability [REESCRITA]
General FictionEm uma noite agitada de primavera numa cidade distópica, a vida de duas pessoas completamente diferentes se entrelaçam com o destino. Uma empresária em ascenção e uma garota de programa, veem naquele encontro de circunstâncias duvidosas uma oportu...