Capítulo 43

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A DECISÃO

Olhar o sol pela manhã parecia ter se tornado um hábito que eu tinha adquirido nos últimos dias. Estava enrolada em um lençol branco em frente à janela do quarto olhando para a paisagem a minha frente. A imagem da praia pela manhã era tão serena e ao mesmo tempo tão bela. Esse tempo em Miami estava me fazendo pensar quando que essa paisagem a minha frente poderia se tornar menos bonita? Quando estava sol era uma maravilha, durante a noite outro espetáculo de beleza, até nos dias de chuva parecia ser perfeito.

Ouvi um barulho atrás de mim e me virei, mas tudo que vi foi Jensen se virando para o outro lado agora de costas pra mim. O sol que entrava pela janela deveria estar o incomodando. Fechei as cortinas e o quarto voltou a ficar um pouco mais escuro assim como todas as manhãs. Ainda parada na janela observei atentamente Jensen deitado na cama agora com suas belas costas viradas pra mim, dormindo tranquilamente. Abri um meio sorriso, respirei fundo sentindo uma sensação muito nova e confortante. Eu estava calma, confiante e ao mesmo tempo estava bem. A noite anterior tinha me dado esperanças que eu não sabia que poderia ter. A decisão que eu tanto esperava já tinha sido tomada, mas a única coisa que eu precisava agora era de um banho e não ficar pensando nessas coisas. A noite anterior tinha sido cansativo e eu nem tinha dormido direito, tinha praticamente passado o resto da noite pensando no que fazer. Até parecia que eu não tinha feito isso durante quatro dias seguidos.

Passei pela cama olhando atentamente o homem deitado dormindo como um anjo, seus lábios esboçaram um sorriso, mas foi tão rápido que me perguntei se realmente tinha o visto. Cogitei por um segundo que ele estivesse acordado, mas ele respirou profundamente e seus lábios estavam novamente naquela linha reta e serena de sempre. Senti uma felicidade enorme tomar conta do meu corpo quando me lembrei do seu sorriso de segundos e notei que ele era o meu sorriso bobo. Abri um sorriso incrivelmente grande e segui para o banheiro deixando o lençol branco que cobria o meu corpo caído no chão, entrei no banheiro já nua pronta para um banho.

**

— Mas pelo menos vocês conversaram? — Rach questionou enquanto me encarava agora apreensiva.

— Não conversamos. — Admiti desmanchando um pouco o meu sorriso. — Mas eu tomei uma decisão. — Afirmei enquanto me ajeitava em sua cama.

— E qual é a sua decisão? — Ela perguntou curiosa enquanto me olhava atentamente.

— Não vou falar ao Jensen o que está acontecendo. Não vou lhe contar a verdade. — Comecei com uma voz firme.

— Que história é essa? — Ela explodiu em gritos. — Como pode ir por esse caminho? Quer dizer que aqueles quatro dias não te ajudaram em nada? Não te deram força pra contar? Vai simplesmente desistir? — Esbravejou enquanto se levantava da cama e andava de um lado para o outro, aparentemente inconformada. — Como pode desistir Cher? — Seu tom tinha voltando ao normal, eu há olhava um pouco surpresa.

Pra que tudo aquilo?

— Rach, me escuta, não foi isso que eu quis dizer. — Expliquei calmamente a vendo parar de andar. — Não vou contar ao Jensen porque não quero o preocupar, nem fazer ele se sentir culpado caso ele não sinta o mesmo. — Expliquei rapidamente e a vi se sentar na cama novamente me olhando cuidadosamente. — Mas também não vou desistir. — Acrescentei rapidamente a fazendo erguer a uma das suas sobrancelhas confusa. — Não sou do tipo de garota que arruma as malas e sai correndo, fugindo. Eu não vou fazer isso! Nunca fiz e não é agora que eu vou começar a fazer! — Afirmei. — A minha decisão é deixar tudo como estar. Não vou contar, não vou fugir, apenas vou continuar aqui como sempre estive. E se eu me apaixonei por ele assim ou como você gosta de falar, se eu descobrir meus verdadeiros sentimentos por ele assim, então talvez ele também possa. — Abri um meio sorriso e a vi sorrir. — Vou continuar aqui agindo normalmente, sendo eu mesma, estando ao seu lado, aproveitando o momento e o ajudando a levar o seu plano adiante e se no final dessas férias ele ainda a quiser... — Minha voz falhou e eu pigarreei respirando fundo e voltando a falar. — Vai doer. Com certeza vai doer muito. — Afirmei quase sem voz. — Mas todas as escolhas que eu possa tomar, todas elas vem a dor como uma das prováveis consequências, não tem como fugir desse fato. — Expliquei enquanto a olhava. — Minha melhor opção agora, é terminar o que eu prometi a ele, afinal ele já cumpriu a sua parte do acordo. E aproveitar o tempo que eu tenho com ele, aproveitar as coisas que podem acontecer. — Eu abri um meio sorriso. — E estamos tão bem. Que estou sentindo algo que eu nunca achei que sentiria. Eu tenho esperança. Esperança de talvez no final tudo dá certo de talvez ... — Engoli em seco e respirei fundo voltando a falar. — Eu estou me arriscando, mas isso é o melhor que posso fazer. Não fazer nada e a única coisa que posso fazer por mim. — Completei enquanto abriu um meio sorriso.

A proposta - Anne BellOnde histórias criam vida. Descubra agora