Francisco - Canjica, arroz doce e a rotina sossegada

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Por Francisco - O bombonzinho e o policial

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Nessa época do ano já começamos a lembrar das Festas Juninas, Santo Antônio, São João e São Pedro. Aqueles doces tradicionais como Bolo de Fubá, Canjica, quem sabe Arroz Doce, Pé-de-moleque, Maçã do Amor, Paçoca, Pipoca, tem doce ou ou se preferir salgada. E cachorro-quente? Adoro. E aqueles docinhos? Além do pé-de-moleque, uns torrões de leite com nome estranho. E o Quentão? Nossa senhora! Isso tem cheiro de festa de São João e gosto de Brasil.

Nas escolas onde eu trabalhava com o projeto PROERD nessa época já tinham penduradas as bandeirinhas, balões e os alunos naquele clima bacana de gincana. Comprei muito cartãozinho de churrasco, de cachorro quente e pinhão. Fora a pescaria, sempre algum aluno olhava pra mim com olhos do tamanho de uma bola de pilates e perguntava:

— Oh senhor cabo Francisco, dava pra comprar um cartãozinho pra ajudar a nossa turma. A turma que ganhar, vai fazer um passeio lá no zoológico da Santur. 

Eu sou um ariano mole pra essas coisas. Já compro dele e evito fazer novos contatos visuais porque senão tô ferrado até passar pelo portão da escola. Isso foi só uma lembrança de anos passados, porque esse ano tá de partir o coração. Eu sou molecão, adoro lidar com a juventude, então parece que estou recluso junto com eles.

Mas vamos lá. Festa junina tá no coração sempre. Isso anima só de lembrar. Porém... dou uma murchada na orelha quando observo minha pequena filha com o olhar caído, a cabeça pousada nos bracinhos sobre a mesa, a olhar o Carlinho que corta pedacinhos de frango pro estrogonofe.

— Paizinho... eu tô super mega tristinha. 

— Ai Luíza, meu amor. Aconteceu algum "poblema?

— Porque o Papai do Céu não cura todas as pessoas do coronavírus pra poder ter Festa Junina?

— Poxa, filha, o paizinho junto com paizão, estamos orando pelo mundo todinho. 

— Tem coisa que deixa o mundo bem triste. Tem doença e maldade.

— Sim, filha, mas nós ainda temos um pouco de sorte de ter uma família, de ter amor e esperança. Eu acredito muito, muito, muito que tudo isso vai passar e vamos ficar felizes. Vamos ter muitas festas Juninas para poder ir com a família e com os amiguinhos.

Mas não adianta conversar, Luíza está muito sentida. Crianças são aqueles espíritos leves, precisam de espaço, de mudanças, de vários acontecimentos que lhes permitam flutuar entre realidades. Crianças perdoam, não guardam o rancor como um adultos. Fazem peraltices, nos deixam preocupados, são frágeis e tão fortes. São universos complexos que agem com simplicidade. Eles nos ensinam a amar. 

Alguém já viu o Malvado Favorito? Já me compararam com ele. Tudo bem, o Gru é um grrraaaande sujeito.

Minha filhota não se animou nem ao ver Frozen que é seu desenho "mais preferido". De tão chateada que esteve, mal começou o desenho e ela adormeceu deitada com a cabecinha em meu peito. Luíza, meu pedacinho de gente que contém tanto amor em si. E meu outro pedacinho, meu marido lindo, da cor mais linda do mundo, do chocolate mais refinado, e exatamente por isso é belíssimo, ele deita-se no outro braço e já abre um sorriso daqueles que me deixa meio tolo.

— Como que pode isso? — eu pergunto e ele junta a sobrancelha pra demonstrar que não entendeu.

— O que, Francisco?

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