Lucas - "Animado"

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Lucas e Pedro

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Quase junho, temperatura em 10 graus, meio oeste catarinense, aproximadamente às 20 horas, em que parte da casal estaria um casal apaixonado?

Para quem acorda cedo no clima frio ainda da meia estação, já é hora de estar aos bocejos enquanto assistem novela, tomam um chimarrão e aguardam a sopa, próximos ao fogão à lenha dentro de casa, certo?

Até aí tudo certo. Cá estão eles falando sobre qualquer assunto enquanto passam a cuia um para o outro.

Espera... sopa? E quem fez a sopa? Pedro parece muito tranquilo e está sorrindo, Lucas também parece calmo, toma seu mate calado e... sorrindo.

Lucas está sorrindo.

— Quando você disse que queria fazer uma sopa, pensei: "vou agradar meu alemão que já me ajuda tanto". Eu mesmo quis fazer.

— Ah tudo bem, Pedro. Eu não queria dar trabalho.

— Nunca, meu galego. Não me incomoda não. Não ficou chateado?

— Claro que não. Só me preocupei quando você saiu apressado ali do escritório.

— Eu... na verdade... só larguei da lida meia hora antes pra acender o fogo, colocar os miúdos e as verduras na panela.

— Ah tá.

Lucas está tranquilo.

— Juro. Pensei também: "assim ele toma banho, descansa um pouco, prepara o chimarrão". Sabe que ninguém ceva um mate melhor que tu. Só o teu mate que fica com essa espuma verde.

— Gosta quando eu faço o chimarrão? Nunca disse...

— Não? Mas é...

Os olhos escuros como folha de pinheiro velho do mais novo chegam a brilhar.

Pedro sabe que coisas muito simples alegram o seu alemão sério, dono de olhos verdes e das feições bonitas, quase delicadas. Para o mais novo, ouvir elogios sobre pequenas coisas que ele faz, tem um valor incalculável.

— Ai Pedro, hoje acordei com vontade de chupar esse pintão grosso... tão gostoso...  — Lucas chega perto, se coloca de pé entre as pernas afastadas do macho bruto à sua frente — acho que você pode sair do castigo da semana passada.

— Graças a Deus né... — Pedro abraça o mais novo.

— Aham. — Lucas amassa o saco do mais velho delicadamente com seu joelho e Pedro fica "animado". — Tu é um homem tão quentinho. Tão gostoso...

O mais novo beija seu marido e cheira os cabelos pretos onde uns grisalhos chamam atenção...

— Lucas... posso fazer um comentário? — Pedro sabe que não deve, mas arrisca. É meio tanso às vezes. Como esquecer dos castigos e viver perigosamente? Pedro nos ensina: — Esse negócio de castigo é meio imaturo, tu não concorda?

— Não. — o rapaz responde seco — E fala de novo que sou imaturo ou aquilo que disse na semana passada, que não se resolve as coisas com birra, só mais uma vez pra ver...

— Aquilo foi de cabeça quente, alemão. Nem sei por que eu disse. — o grandão abraça seu amado, esfrega do rosto no peito do menor que continua prostrado de pé entre suas coxas. Diz que o ama, o chama de lindo, aperta a cintura do outro cafunga abaixo da sua orelha. Tudo na intenção de amansar a fera. Lucas está calado e Pedro tem certeza que não gosta disso. — Não tá magoado né, Lucas?

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