Quindim e a delicadeza do momento

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Por Francisco


Casório!

Dizem que quem tá fora quer entrar e quem tá dentro quer sair.

Será mesmo?

Nem todo solteiro se sente solitário demais e nem todo casado acha que vive preso. Nas duas modalidades tem prós e contras.

Dá para ser feliz com o que se tem hoje nas mãos e no meu caso a rotina me alegra mais do que se parece com um fardo difícil de aguentar.

Na relação se soma, se divide, multiplica e também se subtrai. Porque não? De alguma coisa vamos abrir mão, não tem jeito. Mesmo assim é possível ser muito realizado.

Temos a perda de algumas liberdades? Temos.

Tudo que fazíamos antes, ainda fazemos sem consequências? Não.

Podemos sumir na sexta de noite com os amigos, voltar na segunda de manhã e ir direto para o trabalho? Óbvio que não.

Dá para torrar a grana em cerveja como se não tivesse que comprar comida? Não.

E xavecar um monte de gatinhos na farra? Nem pensar.

Então tem que ser muito bom o casório pra abrir mão de tudo isso sem surtar? Sim. Claro, mas depende muito de nós mesmos. Não adianta acusar o companheiro pelas falhas e achar que nós somos sempre os corretos, né Braz e Túlio?

A minha vida de "amarrado" é maravilhosa só pelo fato de eu ter achado um cara incrível. Então ele é igual a mim? Não! Ele é totalmente o oposto. Já comentei que em aspectos físicos e de personalidade somos muito diferentes e isso é um tempero que deixa delicioso. Sem misturar coisas diferentes, como que se descobrem receitas deliciosas? Não dá mesmo. Posso comparar com os ingredientes que ele dispôs sobre a pia: gemas peneiradas, açúcar, coco ralado, margarina e o leite de coco. Separados não parecem tão interessantes quanto ao que ele se propôs a fazer. E que será uma delícia, garanto.

Desde que não seja o bendito do quindim. Não gosto muito.

Nos completamos, mas ele merece um destaque, porque... porque eu quero, oras. Carlinho é fofo, atencioso com a casa, gostosinho de abraçar, delicioso de beijar e como eu beijo esse homem, Deus que boca linda ele tem. Seguindo, ele é batalhador, lindo, cheiroso, delicado e... se deixar eu passo horas elogiando esse meu diamante negro.

— Ai Francisco, nem sou nada disso. Só cheiroso porque adoro creme e perfume.

— Ah é assim?

— Eu sou meio inseguro.

— Eu sei disso... e tira da cabeça que não é bom pai, entendeu? A Lu te adora e vive tentando copiar você nas coisas positivas. E outra coisa que precisa meter dentro da cabeça é que tu cozinha divinamente?

— Eu acho que faço uma comidinha boa. Mas as outras coisas, vocês que dizem.

— Bobo e inseguro, Carlinho. Precisa se sentir valioso. Não é qualquer um que dá conta do recado igual a você, garoto. Vem sentar no colo do Chicão, vem meu dengo, meu gato, meu tesãozinho...

— Ai nossa, Francisco, que quentinho você.

— É que está calor mesmo, estou suado.

— Não tem "poblema".

Ah, papai! Carlinho no meu colo, sempre safadinho faz minha testosterona borbulhar e exalar. Eu simplesmente não canso dele inteiro. Bom, ele é bem baixinho e os baixinhos dão trabalho na cama, porém dão conta do recado como eu disse e não é só nos afazeres.

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