Liseu, Carlinho e João - Quilos, strudel e ciclone

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Eliseu – Meus kagês a mais (KGs)


Dá ou não uma tristeza baita, esse período que estamos passando?

Antes de ser xingado, calma, taokey?, vou ser obrigado a comentar sobre os quilos trazidos pela quarentena. Eu sei e com todo o respeito, realmente sinto muito em comentar isso, porque tem gente arriscando a vida e a perdendo também e por isso... ah deixa pra lá, esquece. Não vou falar não.

Vou falar sim porque represento aqueles que reclamam de pança cheia. Represento o povo que ganha peso fácil e que acha que os quilos ganhos nessa época é o pior dos males, quando sabemos que não é. Mas a gente se queixa do mesmíssimo jeito. Eu passei dos cem e nem coloquei os numerais pra representar o peso porque senão fico emotivo ao olhar os três "dígitos" e de novo, sei que isso não é maior do que o drama atual pelo qual o mundo tá passando, mas minhas calças apertam a pança, as coxas de novo estão esparramadas na cadeira e a papadinha no queixo tá bisonha, só pela misericórdia. Que ódio!

Bom, daí eu deveria pensar assim: Liseu, a você o alimento não falta, tem seu salário depositado pela Prefeitura religiosamente em dia, antes reclamava da sala de aula e agora tá se estressando um pouco menos. Tá em casa. Tá gordinho, mas tá faceiro porque seu companheiro te acha lindo, divo e ainda aparece semanalmente com uma invenção gastronômica acompanhada de um vinho (de fazer sagu, tudo bem), mas pensa, olha como tu és abençoado, professor!

Eu, alguma vez disse que era uma pessoa evoluída? Um pouco sim, mas na maior parte do tempo eu sou trágico. Aí, nós católicos usamos uma frase que desde sempre nossa mamãe usa com sabedoria: "olha que Deus castiga, filho". Então, na região litoral norte (aqui) teve um ciclone durante essa semana, em 30/06 que nos assustou demais. Voou um pedaço de telha de amianto nas telhas do meu sobrado e eu pensei que era o vento arrancando a cobertura da casa. Passei um medo dos infernos e meu Marçal estava trabalhando, coitado. 

Gente de Deus! O que foi isso?

E ficamos umas trinta horas sem energia. Ou seja, sempre há coisa pior quando não se está satisfeito. Porém nunca estamos satisfeitos né? Aprendemos alguma lição?

Hoje mesmo eu reclamei por causa de uns galhos que o vento trouxe pra dentro do nosso terreno naquele dia (infelizmente) memorável. Na farmácia, onde fui comprar meu remedinho pra acalmar a dor no nervo ciático, me pesei e quase chorei de ódio. Que vontade de comprar sibutramina e tomar sem receita, como se pudesse, né? E o farmacêutico conversando com uma cliente sobre a sogra que pegou o resultado positivo do exame de Covid na sexta, sendo que teve contato com a dita cuja na quinta, largou a pérola:

— Eu não tenho medo de pegar. Tenho medo de passar pra alguém do grupo de risco.

Ouvi mais de uma vez essa frase. O que seria o grupo de risco? Existe um único grupo? Tá "indo" gente de todas as idades afinal.

Chega desse assunto polêmico. E do ciclone também. Chega do povo se queixando por causa de academia fechada. Ô gente fútil. Cof, cof, cof. E eu reclamando do peso.

Vamos falar de coisas legais? Memórias de reuniões com amigos, gente, as nossas reuniões do Bando! Aquela "viadarada" linda que eu amo como minha família. E olha que amo a minha família de sangue. Ainda mais minha mãe dona Lourdes que diz:

— Filho, que olhos bonitos que o Felipe tem. Nossa. Bem musculoso, né? Liseu, porque tu não tenta acompanhar ele pra emagrecer? Para de se queixar que tá gordo e para de comer. Já comeu duas pratadas de macarrão caseiro.

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