Vanda e Alessandra - Amora

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Até onde alguém vai para conquistar a outra pessoa?

Pela mulher certa vale a pena se abster de vários encontros com moças interessadas e até algumas interesseiras?

Vanda pensou assim quando viu Alê. Não teve essa conversa de maturidade para a balzaquiana de trinta e nove anos, corrigindo o autor sobre a primeira parte do conto a respeito de sua idade. Paixão quando pega, pega geral.

Dale a tu cuerpo alegria, Macarena, que su cuerpo nãnãnã, Macarena, dale a su cuerpo alegria Macarena, eeee, Macarena. Caralho que calor!

Vanda reclama com o ar do carro, canta sozinha algo diferente de Amado Batista que canta Princesa na rádio, chega à empresa já estressada como sempre e jura que precisa agendar horário com seu "ginéco" para recolocar o DIU.

Nem ela se suporta quando baixa a TPM.

Ah, mulheres, doces criaturas que são acometidas por esse mal que as transformam em anjos assustadores que conseguem correr com demônios como o Pazuzu.

— Mariana, o João do contábil já chegou? Tá. Não deixa ele vazar para Biguaçu sem falar comigo. Anota pra não te esquecer. Hoje eu não estou boa... é provoca vai.

Vanda é aquela mulher com fama de estressada que todo mundo ama mesmo assim. É ela quem incumbem de resolver qualquer rolo mal feito, pois ela não assume erro, é uma advogada capaz de fazer o outro assumir o erro alheio e ainda pedir desculpas por isso.

João quando fala com ela mais tarde a manda comprar um consolo e ela o manda praquele lugar. Sempre muito elegante, a mulher masculina é um charme visual. Dona de traços bastante clássicos, nariz arrebitado, cabelos louros escuros com alguns bandidos grisalhos, Vanda os têm lisos, curtos e penteados para o lado. Usa roupas sociais sempre um cadinho mais soltas, magra e alta, não usa mais do que um creme anti-idade com protetor solar no rosto e perfume masculino, variando entre Acqua di Gio e CK One, dependendo do humor. 

Prática com relação às paixões, sempre está bem acompanhada e até conhecer Alessandra, não tinha sentido tanta necessidade de ter alguém fixo em sua vida.

— Alessandra é a gata mais gata que ela já vi, bicho. Mas essa praga não liga.

— Ellen Ripley Degeneres! Foca nesse anexo, mulher! — João a esculacha. — Estou fechando o trimestre, cheio de coisas pra fazer, o imposto vence dia trinta e um, cara.

— Vá cagar no mato, hoje é dia 10 ainda. Tá com falta de macho? E o ex?

— Não é hora nem lugar pra fala disso.

— Eu não sei onde a guria trabalha.

— Ah saco...

João seu grande amigo há tanto tempo não está na melhor das fases e por isso anda caladão. Vanda ficou esperando aquela ligação por semanas. Voltou a transitar pela farmácia onde a reencontrou e apelou para doutora Marta a psiquiatra que lhe receitava o remédio para ansiedade.

— Grande Marta! Vou mandar uma pra ti e vai, uma direta mesmo. Preciso do nome de uma paciente, tipo a ficha da moça. Só pra eu saber as informações básicas.

— Quê?

— Alessandra.

Impulsiva, Vanda ligou para a doutora que chocada riu muito, mas que disse que não poderia fazer esse tipo de coisa nem pela amizade. Explicou com calma para a advogada que não poderiam invadir o espaço de uma paciente. Ainda mais que ela e Cátia a ginecologista não se davam bem.

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