Franco é um personagem do livro Era uma vez no velho oeste (livro cheio de safadeza)...
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No início daquela tarde ouvia-se o sopro do vento forte provindo do oeste. Uma cortina de poeira cor de cobre esmaecia com a aproximação de um cavaleiro solitário. O som do trote se eleva e já é possível ter uma visão mais nítida do homem que monta o animal que atende pelo nome de Kid. Suas vestes carregam o pó do deserto, o chapéu preto é acinzentado, as botas gastas há muito pedem para serem trocadas. As calças, blusa, poncho puídos indicam um dono sem luxo, um nômade, um acostumado com a solidão e com os aspectos das andanças naqueles territórios tão familiares a ele.
O aproximar-se da cidade faz com que o homem desça a máscara que cobre seu nariz e boca afim de não ingerir o pó. Os metros vencidos pelo cavalo trazem além do som do trotar, o som da gaita de boca que ocupa mais e mais o espaço-som que era antes só do vento.
Para o forasteiro começa a ser desenhado o contorno da pequena cidade no meio do nada. Não seria sua primeira vez ali em Clinton, lugar tão pacato que mantinha um slogan: "Forasteiros são bem vindos, suas armas não". Essa parte era detestável, pois quem chegava deveria registrar a arma na delegacia que muito raramente permitia que o estranho saísse pelas ruas ou frequentasse os comércios portando o artefato bélico.
Na viela de casas de madeira, pessoas acovardavam-se, acomodavam-se e incomodavam-se diante de forasteiros. A criminalidade ali era quase nula. Não se pode dizer o mesmo dos moradores afastados, os fazendeiros que tinham seu sossego perturbado por bandalheiros que vez ou outra causavam transtornos e ameaçavam manchar a reputação do lugar tranquilo. Dois ou três indivíduos aguardavam atrás das grades o momento de serem transferidos de acordo com a gravidade de seus crimes. Geralmente seriam usados no trabalho pesado, nas construções de ferrovias ou edifícios que pertencessem ao poder público. Um juiz se demorava demasiado por aquele território, então a lei era mantida pelo xerife Winston e dois ex soldados, Jack Caolho e Sam Joker, velhos aposentados que mantinham-se às custas da fama de obterem o maior número de escalpos na contenda contra os índios de Montana.
Porém, nosso forasteiro já tendo guardado sua gaita, sabia de muitas histórias de valentia de homens contra índios armados e não armados, covardias em nome do progresso ou Tratados que empurravam os peles-vermelhas para regiões áridas onde não poderiam desenvolver a agricultura que supriria as necessidades de seus povoados. Era justo ao homem querer defender as terras que eram suas por direito. Nativos eram destituídos, expulsos e marginalizados pelo governo americano com suas leis de ocupações, tanto que a maioria dos índios com sua fama de selvagens, eram na verdade povos organizados que tentavam ter paz e para manter essa paz, aí sim, faziam uso de armas que lhes garantisse de alguma forma a segurança.
Nem todo homem branco concordava com o que estava acontecendo em nome do progresso.
Procurado vivo ou morto: Buck West, ladrão de diligências.
Recompensa: Dez Mil Dólares.
O forasteiro leu a informação grafada num cartaz pregado à parede do Banco da cidadela daquele pequeno condado. Havia também um retrato desenhado por uma mão esforçada que soube detalhar características daquele rosto. Um sorriso oculto Buck mantinha não nos lábios, mas nos olhos que encaravam com deboche a lei. Uma cicatriz na testa, por quem se lembrava do fora da lei, estava mal posicionada.
Era um valor altíssimo pago pelo governo americano para pôr as mãos em um ladrão, pensava o forasteiro ao apear de Kid e se posicionar mais perto do cartaz, conduzindo o animal pelo arreio. A captura de um simples ladrão em geral pagava não mais que quinhentos dólares. Mesmo os que ousavam assaltar diligências. Esses comboios sempre eram acompanhados por alguns "peões" armados do exército e preparados para abater os bandalheiros. O fato é que quantias mais altas eram prometidas pela captura de criminosos que provocassem danos maiores, como mortes à fazendeiros ricos, que em geral eram ex soldados ou pessoas ligadas ao poder. Também estavam acima de mil dólares as recompensas pelos desertores. Autoridades sempre os temiam.
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Contos Extras
Historia CortaBônus! Contos extras são momentos pós finais de histórias minhas. (já terminadas) Antes eu costumava escrever os capítulos bônus nos livros prontos, aí tive uma ideia de colocá-las todos em um único compilado. Assim posso misturar os personagens e u...