O Sol da Aurora de SP

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      Ontem não fora fácil e talvez o hoje também não seja.

        Hiroki em meio a aula de literatura encarava a janela ao seu lado, a obra Romeu e Julieta, não lhe pareceu tão apetitosa sob os seus olhos devoradores de qualquer coisa legível. Seus ombros se tensionam. E fora das limitações do colégio, o garoto observa São Paulo.

         A cidade que nunca dorme, talvez seja parecida com Tokyo. No entanto com certeza, é mais orgânica e menos cheia de tecnologia. Ainda sente o tapa da noite anterior, com o grafite rabisca um canto pequeno da carteira de madeira. É um esboço minimalista  de um personagem de seu mangá preferido. Está aereo. O sinal toca, última aula.

           Todos se movimentam para sair o mais rápido possível do local, no entanto o adolescente permanece sentado no mesmo lugar. Petrificado.

-- Cara ? -- Indaga o jogador em sua frente. -- Vamos pegar um cine hoje ?

        Marco faz a proposta com outras intenções, o mesmo está com um zilhão de pensamentos e problemas. Intrinsecamente não sabia que o asiático está passando em casa, ambos estão um tempo sem se falar. Ambos estão com suas linhas do Universo tão longe, de suas bordas estrelares  ....

-- Tenho lição. -- Hiroki tentará ser gentil, porém ainda assim soará agressivo.

-- Tá acontecendo alguma coisa ? -- Marco coça a cabeça, e o encara friamente.

-- Relaxa cara. -- Foge novamente, de qualquer abertura para um diálogo em que o faria ter que desabafar. Não está pronto, para isso.

        Nesse instante Blane  surgi, está sorridente. Nem parece o mesmo Blane, que quase desferiu um soco na face de Marco.

-- Ei cara ! -- O belo negro se vira para o jogador. -- Vai ter uma festa na piscina, vamos ? -- Não era uma pergunta e sim uma convocação.

              Hiroki observar sem um resquício de energia o modo em que aquele jogador, o trata de maneira invisível. Mas dessa vez, até se sentiu bem por isso. Marco tenta exitar pelo convite,contudo se da por vencido e se despede do melhor amigo. O deixando só, na sala de aula.

              E de fato está sozinho, entre aquelas inúmeras carteiras de madeiras enfileiradas. Com o braços usa como apoio para deitar a cabeça, e o capuz para esconder a face.

-- Hiroki ... Hiroki .... -- O som da doce voz, o despertar lentamente de sua angústia. -- Sou eu o Joe.

         O asiático em momento algum ficou de fato só, naquela iluminada sala. Ele sempre esteve lá, o contemplando de longe. Sentindo suas dores.

-- Joe sai daqui. -- O afasta.

-- Não me afaste de novo. -- Súplica se sentando em uma carteira à frente. -- Eu escutei os gritos ontem. -- Confessa.

        O skatista sempre soube do humor intragável de Hideki, mas na noite anterior foi pior. Os gritos que estremeciam as paredes.

-- Novidade, ele sempre grita. -- Respondeu sem emoção. -- Ele quer que eu o escute, não tenho mais forças para escuta-lo.

-- Você é diferente Hiroki. -- Constata o loiro, em que suas madeixas crescem de maneira absurda e seu cabelo, já está ultrapassando os ombros. O deixando absurdamente mais belo. -- Para ele, tu é como um teorema, Hideki não está preparado para o filho.

-- Mas eu, tenho que estar preparado para ele. -- Levanta a face abruptamente, porém para com a boca entre aberta. Fascinado, pela luz solar que adentra e se despoja sob o melhor amigo, lhe dando um ar angelical. -- Gato ...

Quem é você Hiroki ? [ Romance GAY ] História Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora