Voltará mais cedo do colégio, pois conteve algumas aulas vagas. Hiroki nos últimos tempos, está tranquilo e contente. Desde o dia em que Joe e o mesmo decidiram ter algo.
Adentrou a sala, com fones de ouvidos entretido na música. Automaticamente retirou os tênis e largou a mochila amarela no chão, e por consequência algumas folhas de desenhos também se espalharam.
O garoto prevendo uma bronca da mãe, agilmente as recolhe. No entanto uma voz masculina, o reprova. Temendo ser o pai, se recompõe.
-- Não cansa desses desenhinhos mesmo ! -- A frase é carregada de uma irônia inocente, porém não é o pai. Quem dera fosse. -- Saudades meu mano !
Shin o abraça, lhe desferindo socos fracos nas costas do irmão mais novo. Hiroki se sente sufocado e confuso. Por esse motivo não esboça alguma reação, não é recíproco com essa recepção calorosa.
E por quê seria ? Seu irmão mais velho só o serviu para o importunar. Por Júpiter e todas as estrelas do céu, como a aquela relação de irmandade é conflituosa. Antes que abrisse a boca, a mãe surge.
Está radiante, não esconde a alegria de ver Shin de volta a casa. É compreensível, foi uma das íntegrantes da família, que mais sofreu com sua partida ao Japão.-- Vejo que vocês têm muito para conversar. -- Simpáticamente se aproxima dos rapazes.
Hiroki se espanta, o irmão está mais robusto. Sempre teve um porte físico forte, porém agora é um homem. Contém resquícios de barba, e se veste de modo formal. Uma camisa pólo azul royal.
-- Não, não temos. -- O afasta de maneira brusca.
-- Não seja grosseiro, Hiroki. -- Akemi o repreende, observando como o seu primogênito ficou aborrecido.
-- Estou cansado. -- Afirma. -- As aulas foram extensas hoje, vou para o meu quarto. -- O garoto escapa daquele momento familiar, praticamente foge desse reencontro. É frio.
E quando se vê dentro de seu quarto, a primeira ação é se jogar sob a cama e coloca o rosto contra o travesseiro e gritar. Gritar carregado de raiva, fazendo com que o som se abafe. É um lapso nervoso.
Não era para ser o oposto ? Após séculos ao rever o irmão, que acabará de chegar do Japão, não era para estar feliz ? Shin Henderson Abe, está de volta. Hiroki desejou que estivesse fora por mais uma hora. Ao menos para digerir o acontecido.
Em seu subconsciente toca uma música da banda Coldplay, e isso o inspira para sair do colchão e estado de estupor latente. Para desenhar.
E dessa vez não utilizou a infinidade de cores em que é acostumado. Apenas lápis grafites. E deixou deslizar pelo papel, o que o seu coração e lábios, se contém em dizer.
Artistas visuais, em tese são os mais sofredores. Falar, Gritar. Expressar, é angustiante. Na folha, o adolescente faz o esboço de um olho, estilo anime. Entretido, reluta ao deixar a pessoa que bate à porta, entrar.
Pessoa não, a mãe. É óbvio, que a mulher não iria deixar aquele "incidente" passar tão rápido. A mesma houvera trocado de vestimentas e colocado um singelo kimono. Hiroki avaliou que o jantar seria especial, pois nas tradições de suas crenças orientais. Kimono é usado em forma de celebração, em momentos especiais. Akemi está muito bonita, o adolescente confidência e em seu interior, que um dia iria vestir um desses, mesmo que fosse em seu casamento.
Acompanha a mulher com os olhos, a mesma senta se da cadeira e que fica ao lado da escrivaninha. E como quem não quer nada, remexe em alguns desenhos.
-- O que você quer, mamãe ? -- Suas palavras saiem ásperas, o garoto literalmente está angustiado ao ve-lâ perambulando, por entre suas coisas.
-- Foi muito feio, o modo em que tratou o seu irmão. -- Akemi está decepcionada, coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha. -- Poderia ter sido mais amável.
Hiroki sente uma bola invisível, dentro da garganta. São todas as suas mágoas entaladas de uma só vez, dezessete anos e ainda tinha pesadelos com o irmão. Como Zeus tratava seus bastardos, é dessa forma que o rapaz se sente, quando o assunto é Shin.
Cômicamente deveria ser o oposto, o mais velhos sempre são os "não planejados" e os irmãos mais novos ficam sendo paparicados.
-- Que você quer que eu diga mamãe ? -- Revira os olhos. -- Que legal, o filho preferido do papai chegou ! -- Sarcástico, deita na cama em posição fetal. -- Se ele já me odiava antes do tapa, imagine agora.
-- Família, Hiroki é honra. -- Diz firme. -- Se você não tem orgulho, de seu pai e irmão, sua vida será todo um mau presságio. Não afogue em seu próprio sangue.
Os conselhos da Sra. Abe, são duros e lhe causam desconforto. Um peso imaginário em seus ombros. Desde pequeno fora ensinado que família não é apenas as pessoas que deveria mais amar e respeitar. Mas também, o que o próprio és.
No entanto, o adolescente se observa em um teatro. Em uma casinha de bonecas, e em que moldado e plastificado. É tão disfuncional que chega a ser horrendo. Um papai homofóbico, uma mamãe que apaga os pecados sutilmente do marido e para finalizar o primogênito, com claros problemas de uma raiva descontrolada.
Mas tudo bem, quem é o erro és tu Hiroki. Seu único e maior erro foi amar, alguém do mesmo sexo. Eles são apenas hipócritas, tentando lhe dar afeto e ensinar a usar máscaras.
-- O Shin me fez sofrer muito. -- Confessa de olhos fechados, pois covardemente teme encarar a mãe. -- Ele me batia no colégio, dizia para eu parar de brincar com Joe quando crianças, pois eu era um veadinho.
-- Eram crianças. -- Ameniza o sofrimento do filho. -- Água corrente não para, as situações e pessoas mudam. -- Respira fundo e organiza bem as idéias, que sobrasseiem em sua cabeça. -- Querido, só se prepare para o jantar.
E fora só isso. Sem delongas e sermões infinitos. Akemi saiu ao mesmo modo em que entrará. Sútil e silênciosa.
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Quem é você Hiroki ? [ Romance GAY ] História Concluída
Teen FictionP.s : Baseado nas obras de John Green. " Toda vez que você se aproximava, eu ficava a cinco centímetros por segundos de seu coração. Querido Joe, você é como Biologia engraçado ... porém não entendo nada. " Quem é você Hiroki ? Sussu...