Quem é você Hiroki ? [ Romance GAY ] História Concluída

Vozes do Oriente

         Quer se concentrar em sua respiração, retornar para a casa após aquela mensagem é como caminhar para o precipício.

        No torpedo diz especificamente para se encontrarem no porão, "Óh que lugar estratégico, meu Deus". Pensa Hiroki irônicamente. Seu coração está esmagado, em se lembrar do rosto triste de Joe, e se sente fraco/minúsculo. Por não conseguir proteger quem ama.

            Desce as escadas, enquanto escuta os pais ainda conversando na sala de estar. Não notaram à sua chegada, ou ignoraram. Mas esse detalhe não é importante, não hoje e muito menos agora.

        Sentimentos embaralhados. Shin provavelmente escolheu o porão, é uns dos ambientes mais íntimos do casarão. Será que Van Gogh e Salvador Dalí, tinham tantas questões como essas ?

          A arte mistura se com a vida. Contudo, nem sempre vida é arte. Degraus por degraus, as mãos suam. Deseja chorar, mas agora tanto faz ?

           Abre a porta. Que faz um rangido de madeira velha. "Nossa ..." o adolescente reflete mentalmente, como aquele lugar parecia ter parado no tempo. Alguns meses sem ser usado, ainda tinha resquício das noites passadas com o Marco.

-- Porque demorou ? -- A voz do outro saiu rouca, o mesmo esta sentado no sofá e segura uma garrafa de cerveja.

-- O aplicativo de transporte, deu problema. -- Se justificando, em pé. Tenso.

-- Eu não mordo. -- O rapaz deu de ombros, enquanto degustava  sua bebida. De fato está alheio. -- O assunto é sério, senta.

     O jovem conhece esse modo carinhoso de mandar do irmão mais velho, e para não ter mais delongas. Se acomoda em uma poltrona xadrez.

-- Eu não fui um bom Nīsan para você, eu compreendo sua mágoa. -- Tem uma passividade em suas palavras, que assombra Hiroki, o garoto nota que não se trata do mesmo que lhe disse palavras ofensivas.

         O Japão mexeu com o irmão mais velho, se encontra tranquilo e focado.

-- Você não tem que pedir, desculpas de nada -- Interrompe o asiático. -- Mas o que há de tão grave, que me chamou as pressas ? -- Se encolhe na poltrona.

-- Eu sei de tudo.

-- De tudo o que ? -- Em desespero, o adolescente solta um riso forçado e sem expressão, quer sumir.

            Shin cerra os olhos lentamente enquanto mordisca os lábios.

-- Eu sei de Joe e você. -- Explica, a reação do irmão mais novo fora totalmente reativa, o garoto simplesmente pulou da poltrona e agarrou a camiseta do jovem.

-- QUE MERDA ! TU RETORNOU PARA FAZER MINHA VIDA UM INFERNO !! -- Explode sem qualquer medo, da "destruição" que irá causar.

             Suas pontas dos dedos doiem de tanto apertar o tecido, seu semblante vermelho e Shin atônito, ele não reagiu. Pelo contrário, deixou o irmão despejar toda a raiva sob ele. E quando não existia mais resquícios de gritos em sua garganta, Hiroki o abraçou, se afogando nas próprias lágrimas.

             Shin o acolheu. Como um Nīsan, se portou de modo responsável. Pela primeira vez, desde o seu nascimento, Hiroki demonstrou ódio e redenção por tudo que o rapaz lhe faz passar.

-- Fui um imbecil. -- O irmão mais velho admite, sem censura. -- Preciso que fique calmo. -- O olha diretamente, em seus olhos negros.

-- O que você fez com o meu irmão ? -- Reluta enxugando as lágrimas, com as mãos, buscando o "eu" antigo.

          Ainda deseja e se sente provocado em socar o irmão. Porém Hiroki se mantém, e se recompõe. Arfando e segurando a nuca, nem é dia de exames de matemática e quer explodir.

-- Eu não desejo mais fazer mal a vocês. -- Assume o primogênito. -- O oriente me fez mudar, estou aqui para auxiliar o papai com as burocracias da viagem.

          Hiroki se empalidece, o assombro de sua essência transborda. E chega a suar frio, a algo de errado.

-- Papai e você, vão viajar ? -- Desprevenido e com a pressão baixa, senta se no chão.

         Shin balança a cabeça em negativa.
    

-- Vamos todos voltar para o Japão.

        Em sobressalto se levanta do chão, e retorna a agarrar os braços do irmão. Com os mesmo movimentos ritmados de para atrás e para frente.

     Em seu subconsciente consegue escutar a aquela canção melódica, que destrói o seu equilíbrio.

      

-- O Joe ... A escola ... O Joe ... -- Repete as palavras. -- Eu não vou ! -- Esbraveja perdendo o fôlego.