Dionísio e Coca ína

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      Na mitologia grega o Deus da farra é o Dionísio. Hiroki aguardou ansiosamente a Sexta. Ocasionalmente hoje, está todo de preto, e com uma camisa em que houvera comprado em uns dos maiores eventos geeks da América latina. É uma fanart da Caverna do Dragão, passa um sutil perfume e se ajeita de modo confortável em frente ao espelho.

          Hiroki não é muito vaidoso. Para sair, mentiu aos pais se tratar de uma festa de Blane. E desde o embate com Hideki, a mãe está muito mais flexível com suas saídas. Pedirá um aplicativo, e pelo o endereço que Joe o enviará se guiou pelas avenidas e ruelas da cidade que nunca dorme.

         O automóvel adentrou em um bairro de classe média, o asiático tem uma agitação dentro do peito. E parou em frente, ao um grande casarão azul. Shakespeare, pode não ser um cara da alta sociedade. No entanto não é pobre, isso é visível. Realiza o pagamento e desce do carro, em direção à porta principal.

           Felizmente seus amigos estão em sua espera. Luna, radiante com saia jeans e seus cabelos coloridos destacavam a maquiagem. Joe, um moletom escuro e irreverente em uma saia longa. Daquelas facilmente usadas por garotas alternativas.

       Hiroki o fita e sorri um pouco bobo, mesmo com uma peça feminina. O skatista de forma alguma está afeminado, quebrando alguns estereótipos pré- estabelecidos. Se cumprimentam rápido, os três desejam entrar logo, pois o som que vinha de dentro da residência. Indica que a social está muito boa.

-- Animada para a resenha. -- Afirma a garota, puxando os amigos para dentro.

        Se deparam com uma ampla sala de estar, e com uma variedade de pessoas. Alguns pareciam ser garotos de condomínios, outros um pouco menos favorecidos. Uma pluralidade. Entranto o asiático, retorna a afirmar em silêncio que Shakespeare não é pobre, não está fazendo isso por viver em vulnerabilidade.

        Que irônia um traficante de classe média, aniquilando viciados de alta patente econômica.

-- Gente, eu vou procurar o Marco. -- Diz o garoto de olhos puxados. Buscando com sua visão panorâmica, algum outro cômodo aberto. Por enquanto, não quer subir as escadas para o segundo andar.

         Joe e Luna assente, avisando que iam continuar na sala. Além do loiro, ter encontrado alguns conhecidos. Hiroki, abre passagem entre aquelas pessoas, ando um pouco pela cozinha. A onde está jovens bebendo, ou fazendo alimentos de forma improvisada. Mas nenhum rastro de seu melhor amigo. Uma garota de cabelo azul, passa pelo mesmo e o entrega um copo com uma bebida.

       A jovem tem um sorriso lindo e aparenta ser simpática. Logo que entregou o copo vermelho descartável, a mesma desapareceu entre a multidão. Okay, em uma situação que você escuta seus pais. É óbvio que deixaria esse copo no balcão, com a aquela bebida dúvidosa.

            Por Plutão, o adolescente tem uma "amnésia momentânea" e ingere todo o líquido. "Talvez seja o Universo, me dando motivação". Pensa o garoto, sentindo um gosto amargo à boca.

           Desce raspando a garganta. É forte e ácido. Em seguida cambalea para atrás, buscando apoio em uma parede. O asiático perde a percepção de tudo.

-- Merda ! Estava batizado ... -- Múrmura tão baixo que quase sai inaudível. Hiroki se decreta um imbecil, e em ter acreditado em uma garota bonita de cabelos diferentes.

              A questão é, que tudo em sua frente está distorcido e os moveis pareciam derreter além de estar coloridos. Seu corpo parece flutuar. E as pessoas estão em câmeras lentas. Hiroki segura para não rir, de fato quer dar uma gargalhada involuntária. Alucinado, começa a ter sensações e visões novas.

        O rapaz está se mergulhando em um desejo indescritível, uma espécie de tesão atípica. Passa por algumas faces, e não encontra o que busca. Alguém lhe segura o braço, se vira para identificar a pessoa que lhe aperta de modo seguro.

-- A onde você esteve ? -- Fala em um tom alto, perto de seu ouvido. Pois a música está alta.

-- Um unicórnio ... -- Responde automático para Joe, com um leve formingamento a face.

-- Ah não, ele deve ter pego alguma bebida batizada. -- O skatista se vira para a amiga.

       
                O rapaz de cabelos dourados, conhece essa prática. Os amigos de Shakespeare, entregam bebidas "batizadas" com sintéticos aos chamados novatos.

          É uma espécie de ritual bobo e perigoso.

-- Putz ! É melhor eu ir atrás de um água. -- Luna logo em seguida, desaparece entre a pequena aglomeração.

         Parece ter metade da capital dentro daquela casa. Ambos os garotos se olhavam, na realidade Hiroki está em outro Universo e dimensão. Joe, passa passa a mão na face do amigo.

           O asiático parece queimar o corpo, um calor irredutível. É interior, e toda vez que o louro lhe tocava uma espécie de sedução fervia à sua alma. E seu lábio carnudo, lhe parece tão convidativo e quase apetitoso.

        Pode ser pelo o efeito das substâncias desconhecidas. E em sua mente tem um diálogo intenso consigo mesmo, no qual sem parar contesta "Beije o Joe, Beije logo essa porra". Impulsivamente puxa o rapaz para perto de seu corpo.

       E por todas as linhas do cósmo, toda a essa situação parece uma grande produção cliché da Netflix. Estão na residência de Shakespeare, como Romeu e Julieta em uma versão gay. Em uma paixão proibida.

        Não há mais festa e jovens se divertindo livremente rebeldes, só restou Joe e Hiroki.

        
         
-- Acho melhor não ... -- Censurou com a voz rouca, contendo seu desejo de  agarrar o mesmo ali na frente de todos.

-- Não seja covarde, Joe. -- Retruca com as mãos trêmulas e pupilas ligeiramente dilatadas.

         A boca seca em um desejo latente. Inconscientemente Joe percebe, que o olhar do amigo é um caminho sem saída. E que amou se perder . Segurou sutilmente seu queixo ... Pois eles são livres como Girassois de Van Gogh. E o beijou, com tanta sede e vontade.

         É como se esperasse isso à séculos.

         O loiro tateia o corpo do asiático, passa a mão em suas costas. Um peito colado ao outro. Batimentos ritmados, uma estranha e forte energia os envolvem. É psicodélico. Entre um beijo e buscar o fôlego, o adolescente balbucia para o skatista.

-- Eu te procurei tanto ... Mas tanto ... -- Um alívio surge em seu coração. Não nem Shakespeare, descreveria em suas obras esse amor atemporal.

        Porém em uma fração de segundos, os efeitos da bebida acabam. E o adolescente tem impressão de seu mundo desabar. Confuso, e sem compreender os motivos de estar nos braços de Joe. Por impulso, e fragilidade com um misto de vergonha.

    
      Corre isso mesmo. Em um minuto de coragem, Hiroki escolheu correr. E sem olhar para atrás, pela simples razão de não querer ver a feição confusa de Joe. E o rapaz ficou ali, na sala vendo seu melhor amigo fugir de seus braços.

         O adolescente sobe os degraus de modo tão desajeitado, e continua a ser dirigir desorientado no corredor e a primeira porta que entra em contato,abre.

      Ofegante e com uma overdose de pensamentos o garoto, percebe que está no banheiro da casa. E alguém que está de costas para ele, está utilizando a pia. Parece cheirar literalmente algo no gabinete.

-- Me desculpe ... Não sabia que tinha gente.  -- Gagueja, já fazendo menção de sair.

-- Tudo bem. -- A sutil voz é conhecida, e faz Hiroki se petrifica o estranho, cheirando o pó da felicidade não é tão estranho.

-- Marco que Merda é essa ? -- Exprime as palavras incrédulo.

       As festas de Dionísio na Grécia, com muito vinho e promiscuidade. Não são tão cheias de reviravoltas, como as de Shakespeare o traficante de SP.
      
             
                

Quem é você Hiroki ? [ Romance GAY ] História Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora