capítulo trinta e dois - liberdade

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EU TAVA MORRENDO DE SAUDADE

(vejo vocês nas notas finais) 

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A primeira coisa que faço ao entrar em meu dormitório é seguir até a escrivaninha.

Abro a primeira gaveta e de lá tiro um objeto que eu tanto conhecia, mas que, devido a seu conteúdo, me conhecia ainda mais: o caderno onde escrevia minhas composições.

Não era o primeiro e também não seria o último, mas pela primeira vez desde que começara a compor, eu parara de usar um caderno antes de suas folhas terminarem. Ainda havia espaço para várias outras músicas, mas parecia que o tipo de coisa que eu queria expressar agora não se encaixava mais ali.

Volto-me para Seokjin, que me seguira quarto a dentro e fechara a porta atrás de si, como sempre. Sem hesitar, estendo para ele minha mão com caderno.

— Por que está me dando isso? — Ele estranha.

— Porque você pediu? — Também fico sem entender.

— Namjoon, você acha que me engana? — Jin ri com perspicácia. — Eu sei que você está escrevendo outra música. Eu vi na sua cara com o que o Tae falou naquele dia.

— Tudo bem, eu estou mesmo. — Admito, até porque nem tinha motivos para esconder dele. — Mas não vou mais usar esse caderno. Além disso, acho que escrever em meu celular é mais seguro, então... Pode ficar.

Novamente, ofereço-lhe o objeto em minhas mãos, e dessa vez Seokjin o aceita, ainda que sem parecer acreditar que aquilo estava acontecendo mesmo. Ele passa os dedos pela capa delicadamente, quase como se qualquer movimento minimamente mais brusco fosse fazê-lo se desintegrar. A admiração era nítida em seus olhos, e o choque que ele também demonstrava me fazia pensar (e achar graça) que Seokjin ainda custava a entender que a pessoa por trás de RM era seu namorado.

Eu assistia tudo com um sorrisinho. Imagina se soubessem que o rapper supostamente durão e impassível era um completo rendido pelo garoto que amava? Que com o mais simples dos gestos, um piscar de olhos, um sorriso, se derretia todo, e que podia ter qualquer pensamento, mas definitivamente nada que envolvesse rebeldia e raiva? E se RM, do nada, começasse a falar sobre amor?

...Isso me lembrava de algo.

— Consegue me prometer que não vai ler as últimas folhas? — Com meu pedido, o mais velho levanta seus olhos para mim como se eu estivesse mencionando algum tipo de tortura. — Escrevi algumas músicas que quero que sejam surpresa pra certo alguém...

— Eu juro que vou me esforçar ao máximo. — Jin responde com seriedade.

— Eu acredito em você.

Rindo, puxo-o para mim e beijo seu rosto, o abraçando em seguida. Escondo meu rosto em seu pescoço, aspirando seu cheiro e deixando beijinhos em sua pele. Seokjin me envolve pelos ombros e enterra seus dedos em meu cabelo, iniciando um carinho. Sem escolha, fechei os olhos e me vi totalmente entregue.

— Vai me ajudar a pintar o cabelo?

Ao ouvir sua pergunta, levanto minha cabeça lentamente para olha-lo.

— Eu disse... Não acho uma boa ideia. — Me refiro ao que falara a Seokjin quando ele me fizera aquele pedido, mais cedo naquele mesmo dia.

— É só passar o tonalizante, amor. Não tem como dar errado. — O outro insiste.

— Desculpe, mas você ao menos me conhece? — Rebato, o que o faz rir. — É sério, eu não sou a pessoa mais indicada para ficar perto do seu cabelo com essas químicas.

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