Poesias da minha essência

Ignição

Uma vez imaginei uma simples palavra
Foi então que dei a ela uma parceira
Em menos de um segundo tinha feito
Tremia de medo com aquela ideia.

Imagine que na casualidade do dia
Baste apenas um segundo
Para você enlouquecer.

Imagine o desespero de pensar
Na sua mente a ideia é real
Naquele instante o absurdo é possível
Sentiria a consequência da ignição.

Imagine talvez que seria rápido
Um momento curto de devaneio
Tudo voltaria ao normal.

Imagine então como seria na verdade
Terá de convencer que a ideia é irreal
Afundaria em desespero e ansiedade
Imploraria que simplesmente desaparecesse.

Imagine que nesse longo processo
Tenha tido êxito em dispersar a ideia
Mas agora há mais ideia do que imagina.

Imagine que como o fogo
A chama produz além da ignição
Perderia seus sentidos como conhece.

Imagine que está preso a si mesmo
É exatamente o que fez com a ideia
Prendeu-se em um incêndio
E mesmo que não tenha medo do fogo
Terá de medo de morrer.

Imagine agora que encontrou água
Talvez ajude a apagar de fato
Mas se ousar pensar sobre
Paralisaria diante das chamas
Que agora retomam ao que era.

Imagine que tente fazer algo
Como eu que discorro sobre
Quem sabe ajudaria, certo?
Assumo que não faço ideia
Apenas quero sair daqui.

Imagine que tenha saído
Usou tudo que tinha para isso
Ainda assim não tem mais propriedade
Ainda assim haverá as cinzas.

Imagine que tente afirmar que está bem
Não há mais fogo para te queimar
Não há mais fumaça
Não há mais vigas caindo.

Imagina ainda que com tudo isso
Terá de afirmar que não vai
Você não vai queimar.

É exatamente o que faço
Mesmo depois de tanto tempo
Preciso afirmar que não vou me queimar
E ainda assim terei medo de queimar
Queimar até a morte.