O véu enaltece o homem

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Nesse sopro sórdido e grave
Escuta-se a mais válida verdade
Sobressaída nas mais algentes noites
Pela tenra expressão do silêncio.

O toque frígido e pesado sobre a pele
Traz a singela condição humana
Afirma perante o vazio substancial
O fato definitivo da humanidade.

Não há indivíduo que não escute
A indigência é posta na consciência
Essa hora não existe escape
Eu não seria tolo a ponto de negar.

Uma inópia define a mim
Da mesma maneira que qualquer outro
É a graça para viver saber dessa condição
É o tema para debater na autorreflexão.

Os brilhos cintilantes ao longe enaltecem
Emolduram a mendicidade humana
Parecem tentar escrever nossa definição
Um estímulo para mim.

Devo dizer que antes de tudo sou miserável
Fator que explícita minha essência
Sou antes de tudo, nada
Mas ainda sou eu que devo ser.

A obscuridade traz a visão turva
Ainda assim sua clareza é indescritível
Suas palavras são duras
Entretanto não é um ultimato.

Em meio a esse sombrio momento
Tantas vezes já presenciado
As vezes recai a gélida lágrima
Para mim o toque suave de um ímpeto.

Serei eu o responsável
O precursor de mim mesmo
Devo assumir de vez
Esse véu me enaltece.

O pesar é um fardo optativo
Essa desgraça não é meu estado
Esse véu é escuro com tons esbeltos
Esse véu me enaltece.

As trevas que aqui estão
São nada além de um sinônimo para escuro
Não adjetivam negativamente
Esse véu me enaltece.

Não falo de nada tão subjetivo
Falo de um horário
Ou melhor de um início e um fim
Discorro sobre esse véu que me enaltece.

O véu enaltece o homem
Mas tem seu outro nome
Essa noite enaltece o homem.

Poesias da minha essênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora