Ser de si

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Liberdade teria,
Se soubesse que em si
Esconde-se de ti
Aquilo que sempre esteve aqui.

Ser de si é escolha,
Ter ousadia de sair da bolha,
Cultive e colha.

Coragem possuiria,
Se tentasse por fim,
Viver por mim,
Sendo você o pronome, enfim.

Ser de si é sorrir,
De satisfeito por se ouvir,
De olhar-se como sempre quis vir.

Coesão faria,
Se a convicção firmasse,
Saindo da amarração da haste,
E sendo do coração própria felicidade.

Ser de si é ir contra,
Viver além do alheio, afronta,
Deixar de lhes prestar conta.

Unidade consideraria,
Se a individualidade singela,
Esbaldasse pela janela,
Seus olhos de Cinderela.

Ser de si é ver-se sem espelho,
Arrepender-se de si mesmo,
Confrontar o carcereiro.

Belíssimo seria,
Se à si fizesse alegria,
Com o que a si mesmo daria,
Escapando da antropofagia.

Ser de si é egoísmo,
Mas quem disse que seria ruim?
Deveria esperar que alguém o fizesse?

Instabilidade criaria,
Se da inconstância de lhes,
Quebrasse a poesia,
Mudasse o ritmo da cantoria.

Ser de si é cambalear,
Mas sempre ainda voltar,
Conhecer-se quando mudar.

Fórmula poderia,
Trazer um conforto,
Mas de si terá sempre algo,
Ingrediente raro.

Ser de si é saber cantar,
Ainda que no soar cacofônico
Até finalmente se achar.

Poesias da minha essênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora