Capítulo 1

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POV. Alfonso

Roberto: Bom Alfonso.. Você vai ficar de lobo aqui um tempo só para ter certeza que está bem o suficiente—o meu médico explica enquanto escreve em seus papéis.

Alfonso: Tudo bem—dou de ombros.

Roberto: Você já está na lista de transplantes vamos esperar que apareça alguém—ele diz e eu concordo com a cabeça.

Eu já estou na lista desde que tenho 14 anos, 3 anos depois de descubrir que tenho problemas de coração, não estou em primeiro lugar, há pessoas que esperam muito mais, mas também não estou no fim e o meu médico faz sempre questão de afirmar isso.

Quando ele sai do quarto a enfermeira que trata de mim desde pequeno entra, como sempre, com um sorriso no lábios

Rita:O meu paciente favorito teve saudades do hospital? —ela pergunta sorrindo e eu rio. É isto que eu gosto nela, sempre me faz feliz

Alfonso: Você sabe que eu odeio ficar muito tempo longe—digo irónico e ela ri—vai da para andar ou vou ter que ficar deitado?

Rita: Se estiver bem pode sair—ela pisca e sai do quarto.

Sempre que estou internado eu ando pelo hospital, já conheço tudo mas gosto de o fazer, até porque não tem muita coisa para ser feita aqui. Os medicamentos começam a fazer efeito e eu me deixo dormir já que estou sozinho e sem nada para fazer.

POV. Anahí

É meio da tarde e eu já discuti três vezes com a minha mãe. Novidade? Nenhuma!

Já estou habituada eu sou a filha que não devia ter nascido, pelo menos é o que ela diz, e o meu pai? Bem ele finge que não ouve as discussões e que somos a família perfeita.

Enzo: Vou sair Any—ele abusa quando abre a porta do meu quarto —não se chateie com a mãe ela é assim.. —sorri e sai do meu quarto

Escuto ele dizer à minha mãe que a ama e ela repete o mesmo. Depois de tantos anos ainda me pergunto porque ela não me ama mas nunca tenho resposta. Decidida a não ficar sozinha em casa com a minha mãe marco com a Angelique e vou ter com ela a uma cafeteria.

Anahi: Boa tarde—digo quando chego à mesa onde ela está —Estou cheia de fome —digo chamando a menina que está a servir e peço um lanche

Angelique: Esquece a comida e fica em mim —ela sorri—conheci um gatinho— bate palmas empolgada e eu solto um resmungo

Ela começa a contar como ele é mas eu nem ligo muito, ela conhece alguém novo a cada semana e nunca dá em nada então foco no meu lanche que acabou de chegar.

Angelique: Acho que estou apaixonada—suspira e eu rio

Anahí: Você? —ela revira os olhos —esse garoto fez um milagre

Angelique: Você é mesmo chata..

Anahí: Ok—levanto as mãos—Vou ao banheiro—ia sair mas o meu celular toca e vejo que é minha mãe

Angelique: Não vai atender?

Anahí: não deve ser nada

Angelique: É melhor atender ou a discussão vai ser pior

Anahí: Tudo bem atende você—ela olha para mim como se eu fosse louca—o que foi? Tenho de ir ao banheiro.

Saio de lá e ainda vejo ela a atender o celular com um sorriso na cara. A verdade é que ela sempre se deu melhor com a minha mãe do que eu mas nem me importa.

Demorei um pouco no banheiro pois tinha muitas pessoas e quando saio olho para Angelique que tem a cabeça baixa, não sei o que se passou mas é estranho ela estar assim sendo que anda sempre de cabeça erguida.

Anahí: Tá tudo bem? —digo quando chego e ela levanta os olhos com lágrimas —o que aconteceu?

Angelique: Any—ela deixa algumas lágrimas cairem—o seu irmão.. Ele sofreu um acidente e está no hospital

Anahí: ele está bem? —ela não responde —eu tenho que ir para lá - corro para fora e ela me segue.

Quando chego ao hospital sou guiada por Angelique que falou com a minha mãe e sabe onde estão. As minhas mãos estão frias e por mais que a Angelique me diga que vai ficar tudo bem algo me diz que não é verdade, que eu perdi o meu irmão. Lágrimas caem com esse pensamento sem eu controlar e cada passo que eu dou dentro do hospital é uma facada no meu coração.

POV. Alfonso

O meu primo e a namorada, minha amiga de infância, estavam comigo para eu não ficar sozinho.

Christian: Mas diz lá há ou não alguma enfermeira gata?

Maite: Eiii—dá um tapa na cabeça dele— ainda estou aqui.

Christian: Para ele amor—Sorriu mas ela continua de cara fechada.

Alfonso: A sua irmã não veio?

Christian:Ficou a fazer um trabalho com um amigo—revira os olhos com ciumes

Maite: Entre mim e a Dulce de quem ele tem mais ciúmes? —pergunta irónica a olhar para mim

Alfonso: Olha que não sei—dou de ombros e Christian revira os olhos.

Ficamos um tempo a falar sobre diversos assuntos, desde pequenos que eu e Chris somos inseparáveis e quando conhecemos o Christopher com 8 anos nada mudou. Eles me apoiam e são os meus irmãos.

Maite:Eu vou buscar um café.. Já volto —diz e sai do quarto

POV. Anahí

Estou sentada ao lado de Angelique e dos meus pais quando o médico se aproxima de nós

Doutor: Eu sinto muito—ele diz e a minha mãe cai na cadeira —ele está em morte cerebral

A minha mãe começa a chorar e a gritar com o médico que ele não está morto. O médico explica que morte cerebral não tem volta mas ela não aceita. Eu deixei de ouvir, só penso que perdi a única pessoa que realmente amo e que me amava no mundo, lágrimas são inevitáveis e o meu coração fica apertado. Angelique está ao lado dos meus pais a dar apoio e eu fico sozinha a andar para trás sem saber o que fazer.

Jogada do destino (Finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora