Alvorecer da primavera

Revoada

O sol despontava por detrás das montanhas, iluminando as planícies do País do Redemoinho. O azul anil da noite ia se desbotando no céu, recebendo uma tonalidade amarelada. Logo era dia e Uzumaki Naruto mal podia se conter de ansiedade, observando a alvorada do primeiro dia da primavera iniciar de forma tão majestosa. Aquela estação prometia muitas novidades em sua vida, e por isso estava aflito, que mal conseguira dormir aquela noite.

Da janela de seu quarto, podia ter uma visão privilegiada do rio Okidawa seguir seu rumo pela Vila, até desaguar em outro país. Também podia ver as montanhas do norte mais ao longe, lugar que habitava o Clã Hyuuga, aliados do Clã Uzumaki. Mas, atrás daquelas montanhas, estava o País do Fogo, lugar esse que residia os Clãs Sarutobi, Senju e Uchiha. E era justamente desse Clã que viria o prometido a casar-se com Naruto.

Desde que as negociações iniciaram, pouco antes do final do verão e início do outono, Naruto aceitou e concordou em casar com um membro do Clã Uchiha. Esperava se casar com o filho mais velho de Mikoto, mulher viúva que liderava o Clã ao lado do tio-avô Madara. Contudo, o casamento foi desfeito quando o noivo, Itachi, abriu mão de viver em seu Clã para fugir. A história ainda não fazia muito sentido, Naruto não sabia todos os detalhes, mas achava corajoso o ato.

Foi assim que ele passou a ouvir mais sobre Uchiha Sasuke. O irmão mais novo de Itachi e seu futuro marido. O representante do Clã Uchiha trouxe para a família Uzumaki alguns presentes no último inverno, entre os presentes, havia uma mecha de cabelo do noivo e uma carta dizendo que ele estava ansioso pela chegada da primavera. Também foi dito que Sasuke era uma pessoa amável e gentil. Gostava de música e de dançar, não possuía vícios e seu passatempo favorito era caminhar pela floresta. Parecia um sonho aquela descrição e a ideia de matrimoniar com alguém de características tão nobres, fazia o Uzumaki sentir um comichão no estômago.

O fato de estar apaixonado por uma pessoa que sequer conhecia, não incomodava Naruto. A princípio, é claro, ficou intrigado por não ter tido a oportunidade de encontrar pessoalmente (e sem a ajuda de outros) o seu amor verdadeiro, como foi com seus pais. Entretanto, diante dos acontecimentos sociais daquele momento, um casamento arranjado era a forma mais fácil, politicamente falando, para reforçar os laços de amizade entre as nações. Com essa aliança, os Clãs reestruturariam a ordem pacífica onde os Alfas, como o Clã Uzumaki e Senju, liderariam os Betas, Hyuugas e Sarutobi, além dos Ômegas, atualmente com um número reduzido em diversos países, eram os Uchihas e Yamanakas.

O Clã Yamanaka vivia nas proximidades do País do Redemoinho, mas a filha do Líder já estava prometida a casar-se com um estrangeiro vindo do outro lado da costa, no País do Vento.

Naruto recordou-se da última vez que esteve com Yamanaka Ino, onde resistiu ao casamento até o último minuto. Sentia saudade da amiga, que agora vivia em outro país, numa cultura diferente e (de acordo com as cartas que enviava) estava se adaptando ao calor e secura da Vila. Ele queria poder visitá-la, mas precisava ater as atenções ao próprio casamento.

Foi com aquele pensamento que ele se levantou da varanda e encheu a banheira de madeira com água. Tomou um banho demorado e secou-se com a toalha, esfregando os cabelos loiros com rapidez. Pensou como estaria Sasuke naquele momento, ansioso também? Animado? Talvez cansado, já que deveria estar viajando há dois dias para chegar ali.

Ele vestiu uma yukata, ainda fazia um pouco de frio do lado de fora do quarto, mas o frescor da primavera falou mais alto e decidiu tirar as vestes coloridas do guarda roupa. Ele sorriu, cumprimentando a todos pela mansão, até encontrar os país na cozinha.

— Parece que alguém acordou de muito bom humor. — Kushina falou, estendendo a mão para o filho que segurou e a beijou em seguida. — Estou emocionada que logo mais meu menino será um homem feito.