Alvorecer da primavera

Reencontro

Naruto não dormiu durante a noite, sabendo que Madara partiria pela manhã. Mas, quando ele chegou na residência que havia construído, a casa já estava silenciosa, como se estivesse vazia. De qualquer forma, ele entrou pela sala e tirou os sapatos. Andou pelo cômodo e passou pela cozinha, depois foi até o quarto. A cama estava bem arrumada e tudo organizado, assim como toda a casa. Limpa e vazia.

Os pertences de Sasuke, que haviam sido embalados e levados para a casa uma semana atrás, não estavam mais lá. Ele sentiu um aperto no peito e mal conseguiu respirar ao se dar conta do que estava acontecendo. Naruto se sentou na cama e permaneceu assim por um tempo. Havia dado para Sasuke a chance de decidir seu futuro e, a julgar pelo silêncio da casa, ele havia tomado a decisão.

É claro que Naruto não esperava que ele fosse embora. Em seu íntimo, acreditava que Sasuke retribuía seus sentimentos. Era talvez um sonho bobo que Naruto sustentava ainda, mas acreditou que Sasuke o escolheria. Que ele escolheria ficar ao seu lado, como marido, com o desejo de viverem juntos e superarem todos os problemas.

O Uzumaki ficou ali por algum tempo, unindo-se ao silêncio da residência, pensando no que poderia fazer. Seu futuro se abria diante de seus olhos, sobre como lidar com os problemas políticos do país e a família, em especial. Seu avô declarava abertamente que não estava mais ao lado da aliança entre os Clãs, isso poderia ser o pivô de uma debandada. Com isso, os tratados entre países poderiam ser cancelados, acordos ruiriam, e não levaria muito tempo para disputas iniciarem. Tais disputas poderia causar derramamento de sangue, mais violência, e perda de territórios.

Naruto abanou a mão, Sasuke nada tinha a ver com esses problemas, mas ele se sentia muito mais confiante e forte com ele ao seu lado. Era fato de que estavam juntos fazia poucos meses, mas havia sentido o gosto de sua união, e aquilo era mais do que ele precisava para sentir saudade.

Naruto deu uma risada frustrada, ao perceber que, não importa a decisão que Sasuke tenha tomado, ele ainda estava apaixonado.

Uma chuva iniciou e, com os fortes ventos, as portas da varanda foram abertas. Naruto se levantou, os pés na madeira fria, ele caminhou devagar e pisou no chão molhado pela chuva. Fechou a porta da varanda, virando-se para fechar a porta da sala. Seu olhar cansado não permitiu que ele distinguisse a silhueta que se aproximava da casa. As nuvens carregadas cobriam todo o céu e o vento empurrava as árvores com força, o uivo se alastrava, enquanto um arrepio subiu pela sua espinha.

Naruto observou aquele vulto se aproximando, até que, de uma certa distância, ele pode ver que era uma pessoa caminhando lentamente embaixo da chuva. Sua cabeça estava abaixada, enquanto as roupas encharcadas colavam em seu corpo. Naruto crispou os lábios e abriu mais a porta, deu dois passos até a saída, ainda protegido pela pequena varanda coberta da residência. A chuva torrencial caía dia de seus olhos, enquanto Sasuke se aproximava dele e parava na sua frente.

Naruto queria segurá-lo, colocá-lo para dentro de casa e protegê-lo daquela tempestade, mas Sasuke não se movia. Seus olhos estavam caídos ainda no chão, enquanto seu corpo parecia tremer de frio.

— Sasuke... — Naruto sibilou, erguendo a mão para conseguir tocar seu rosto, estava a meros centímetros de conseguir fazer isso.

— Eu, eu... — Sasuke ergueu o queixo, o rosto pálido sendo molhado pela chuva. Naruto não sabia dizer se ele chorava, ou se eram as fortes gotas que caíam do céu.

Naruto não precisava ouvir nada, ele segurou a mão de Sasuke e o trouxe para dentro. Com os ombros encolhidos, e o corpo tremendo, Sasuke apenas se moveu automaticamente. Naruto o direcionou para perto da lareira, onde ele se sentou.

— Vou buscar lenha. — Naruto virou-se, mas sentiu a mão de Sasuke segurar a sua. Ele se abaixou, pousando um joelho no chão. — Vou acender a lareira, não vou muito longe.