O paciente

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Naruto olhou Sasuke deitado na cama, sua expressão denunciava todo seu sofrimento. Os grandes olhos negros estavam escondidos pela pálpebra que forçava a cada dor que ele sentia. Seu marido se contorcia tanto de dores que ele não sabia o que fazer, senão tentar consolá-lo, enquanto aguardavam a médica. Era uma situação completamente nova para Naruto.

Apesar de já ter visto amigos e até mesmo familiares doentes e machucados gravemente, aquela foi a primeira vez que Naruto sentiu tamanha angústia. Não poderia ser mal caráter e dizer que sentia as dores de Sasuke. Não, Naruto não sentia aquelas dores terríveis em seu corpo, era mais como se o seu corpo estivesse à beira de um abismo, onde a qualquer momento pudesse despencar lá de cima. Aquele flagelo mental não deveria ser nem próximo do sofrimento ao qual Sasuke estava passando.

Naquele momento, Naruto sequer pensou que o laço que os conectava se fortificava.

Quando a médica foi recebida por ele na porta do quarto. Naruto explicou o que havia acontecido. Shizune sugeriu um banho e Naruto encheu a banheira com água morna, levando-o no colo até o banheiro. Colocou-o com cuidado na água, e ouviu um resmungo de Sasuke.

O Uzumaki passou a mão sobre os cabelos negros do marido, molhando a sua testa e os fios, prometendo que tudo ficaria bem. Apesar do medo interno de que algum mal pudesse acontecer com Sasuke, do lado de fora Naruto tentava transmitir para ele toda a sua confiança.

De olhos fechados, Sasuke pediu para ele não sair dali. Naruto ajoelhou-se ao lado da banheira e segurou sua mão, enquanto a médica criava uma mistura com ervas e colocava em um sache para acrescentar na água. Shizune deixou-os a sós, Naruto agradeceu a médica, mas sua atenção estava toda voltada para o rosto de Sasuke.

— Vai ficar tudo bem. Você ouviu? — Ele perguntou baixinho, alisando a outra mão nos cabelos molhados. — Eu tenho fé na sua força, por favor...

Naruto se sentia apreensivo e sem estruturas por não poder fazer nada além de ficar ao seu lado. Após o banho, Sasuke parecia um pouco melhor, conseguiu sair da banheira com a ajuda de Naruto e sentou-se no banquinho de madeira, enquanto seu cabelo era seco com a toalha.

— Podemos fazer isso depois? — Sasuke falou com a voz fraca.

— Já estou acabando, prometo. — Naruto fez o melhor que pode e o ajudou a vestir uma yukata. — Está com fome? Vou trazer algo para você comer.

— Não, eu só quero me deitar. — Ele foi caminhando devagar, com o braço ao redor dos ombros de Naruto, que o colocou na cama. Sasuke sentou-se primeiro, para depois esticar as pernas na cama e virar o corpo lentamente. Ele voltou a soltar alguns gemidos baixos pela dor que mais uma vez voltava.

Naruto alisou os cabelos dele e o beijou na testa, prometendo que não iria demorar. Esperou que Sasuke falasse algo, mas ele apenas fechou os olhos e se manteve na mesma posição.

Ao fechar a porta do quarto, Naruto encontrou os pais aflitos no corredor. Eles o acompanharam até a cozinha, fazendo várias perguntas sobre a saúde de Sasuke. Mas a única coisa que Naruto desejava naquele momento, era saber de Shizune o que era preciso para curar Sasuke.

A médica suspirou e olhou preocupada para Naruto, que teve um pressentimento ruim assim que ela começou a falar. Shizune parecia esconder alguma coisa.

— Esses sintomas são bem comuns quando os ômegas estão se desenvolvendo, mas isso geralmente ocorre lá pelos treze anos. E ele já passou dessa fase. — Shizune desviou o olhar para sua maleta, ela crispou os lábios e balançou a cabeça. — Já vi alguns casos semelhantes quando eu trabalhava com minha mestra. Mas não acho que seja provável.

Alvorecer da primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora