Reforços

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O chacoalhar da carruagem não era a pior parte daquela viagem.

Sasuke olhou pela janela e viu vilas destruídas e casas abandonadas durante todo o percurso que faziam pelo País da Grama. Pararam diversas vezes na estrada, diante de pedágios feitos com grandes toras de madeira, impedindo a passagem de carroças ou qualquer outro meio de locomoção, até mesmo pedestres. Eles exigiam pagamento para que pudessem desfrutar de suas estradas dentro do país da Grama.

Naruto ordenava o pagamento, mas Sasuke sempre criticava a qualidade das estradas, principalmente o pagamento de pessoas que pareciam estar andando há horas a pé, provavelmente fugindo de suas antigas residências invadidas.

— O que está acontecendo exatamente? — Sasuke apoiou a mão no queixo, enquanto o cotovelo sustentava a sua posição na janela.

— O país da Grama entrou em conflito com o País da Chuva. — Naruto comentou, enquanto observava a paisagem da janela. — Eles cancelaram o tratado de paz que protegia as famílias de camponeses, agora eles estão sendo invadidos.

— Você não pode fazer nada? — Sasuke o olhou, sério, e Naruto virou o rosto para ele.

— Gostaria, mas eles não fazem parte da nossa aliança, se eu me intrometer, provavelmente eles vão achar que é uma declaração formal para mais disputas.

Naruto não estava nada satisfeito com aquela situação, mas suas mãos estavam atadas, pelo menos até conseguir uma reunião com os representantes dos dois países. O problema maior era que sua família não tinha influência com nenhum dos dois lados. Na verdade, havia uma pessoa.

A pessoa que poderia ajudar era Uzumaki Enji, seu avô. Era por isso que eles viajavam para o país dos Rios, para conversar com Enji sobre a possibilidade de ele conseguir uma reunião e tentar retomar a paz entre aqueles dois países.

Sasuke não estava nada ansioso em reencontrar o avô de Naruto, mas não permitiu que o marido viajasse sozinho.

Com o final da primavera, Naruto e Sasuke trocaram diante do ancião novos votos de casamento. Sasuke também assinou o pergaminho e ele foi selado com o sangue dos dois. Não houve festa ou agito sobre aquele segundo casamento, era algo especial que somente os dois iriam partilhar.

Passado alguns meses, o inverno rigoroso no país do Redemoinho iniciou, já fazia alguns anos que a neve não cobria toda a extensão dos terrenos e congelava os rios. Sasuke estava acostumado com o calor do País do Fogo, mas também se sentia à vontade no inverno. Ao contrário de Naruto, que tremia de frio, achava horrível a neve e o vento gelado. Eles dormiam abraçados todas as noites, com a lareira acessa, e assim o inverno era muito mais divertido e quente.

Quando a primavera desabrochou, um ano se passou desde que Sasuke se mudou para o País do Redemoinho. Agora, ele se sentia mais em casa, conhecia muito bem o solo do terreno em que morava, o lago cheio de peixes, as estradas bem cuidadas, os distritos e as pessoas que ali moravam.

Naruto gostava de levá-lo cada vez mais longe, até os limites do território do País do Redemoinho, para que ele conhecesse toda a extensão de suas terras. Sasuke passou a ficar mais familiarizado com os costumes daquele povo, aprendeu muito de sua história nos livros.

Foi no final da primavera que as disputas entre os países da Grama e da Chuva iniciaram. Essas ações afetaram o comércio entre os países e fecharam fronteiras. Preocupado, Naruto decidiu falar com o avô. E era por isso que Sasuke estava naquela carruagem, ouvindo os planos do marido sobre uma proposta de paz que ele não sabia se seria aceita.

— Eles reivindicam uma área com terrenos férteis. O país da Chuva fez uma barreira e o rio ao leste secou, fazendo o País da Grama perder a capacidade das plantações de arroz. Esse foi o início da disputa, mas as questões políticas estão muito mais enraizadas, são décadas de intervenções. — Naruto suspirou cansado, esticando a mão para acariciar o rosto de Sasuke. — Você poderia ter ficado em casa, sabe disso, não é?

Alvorecer da primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora