Simetria

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Naruto estava empenhado em encontrar as sementes almiscaradas que Sasuke havia comentado na outra noite. Logo o sol ia nascer e ele havia dormido muito desconfortavelmente na poltrona do quarto. Entrou apenas quando Sasuke já estava dormindo e decidiu não fazer barulho quando deixou o quarto.

Ele procurou nos armários e nas gavetas. Não havia nada diferente no meio dos frascos de ervas que seu pai possuía. Dessa forma, decidiu fazer o que já conhecia. Ferveu água e preparou uma infusão com a essência.

— Acordado essa hora? — Perguntou Madara, aparecendo atrás dele. — Meu sobrinho está te fazendo de empregado dele no segundo dia de casado?

— Eu não diria empregado, pensei em fazer um agrado. — Naruto falou, sorrindo em seguida. — Ele gosta muito de chá, não é mesmo?

— É um costume da nossa família. Nós trabalhamos com ervas variadas, fazemos remédios, pomadas e bebidas no geral.

— Eu não sei todos os detalhes, mas gostaria de saber. — Naruto falou, sentando-se no banco.

Madara caminhou até a mesa da cozinha, mexendo nos objetos. Ele olhou para o chá que Naruto estava preparando e depois abriu o armário de ervas e começou avaliar os frascos. Seus cabelos eram tão negros quanto os de Sasuke, também parecia ter fios bem grossos e o cheiro de flor de alecrim que emanava dele era bem agradável.

— Não temos tempo suficiente para comprimir nossa história e eu te contar nessa manhã. Mas se quiser saber mais alguma coisa, eu terei o prazer de contar.

— Me fale sobre Sasuke. O que ele gosta de fazer? O que ele odeia? Quais seus sonhos? E porque algumas vezes sinto como se o coração dele estivesse aberto para eu entrar. E quando eu estou dando o primeiro passo, parece que ele fecha porta na minha cara. Literalmente ele já fez isso. Eu sei que não fez nem uma semana que nós nos conhecemos, mas eu não vou mentir que sonhei que as coisas pudessem dar certo logo no início.

Madara riu baixo, movendo a cabeça.

Naruto sabia que havia feito perguntas demais, mas precisava das respostas. E dessa vez que elas fossem honestas. Ele poderia simplesmente jogar na cara de Madara que usaram de uma estratégia baixa fraudando uma carta pessoal, mas Naruto não era esse tipo de pessoa. Deveria ter um motivo para terem agido assim, é claro, ninguém se interessaria por alguém que parece estar com raiva todos os momentos do dia. O que é engraçado e irônico, já que ele estava apaixonado por uma pessoa assim.

Naruto também não era o tipo de pessoa que deixava de ajudar os outros por qualquer motivo que fosse. Não sabia ainda sobre o que Sasuke falava quando pediu para que ele não abandonasse o Clã Uchiha. Mesmo assim a resposta sempre seria a que ele jamais daria as costas para quem precisasse de ajuda.

— Vejamos. — Madara levou uma mão à cintura e a outra ao queixo, pensativo. — Ele sempre gostou de caminhar pela floresta e cuidar dos animais. — Enquanto falava, ele pegou um frasco de ervas e adicionou na infusão que Naruto havia preparado. — Quando tinha seis anos, Sasuke escondeu um filhote de raposa em uma das nossas estufas, e aquele bicho quase destruiu minha plantação de Valeriana.

— O que fizeram com a raposa? — Naruto perguntou curioso, apoiando o queixo. Os olhos bem atentos as mãos de Madara que misturava mais algumas ervas no chá.

— Soltamos a raposa na floresta, mas uma semana depois encontramos Sasuke e o bicho dormindo juntos embaixo de uma árvore. — Madara serviu o chá na xícara e entregou para Naruto experimentar. — Conclusão, a raposa viveu doze anos com a gente.

Naruto quase podia imaginar Sasuke criança brincando com uma raposa. Parecia a coisa mais adorável do mundo.

— Talvez eu tenha sido um pouco bobo dizendo que a gente poderia ter um gato para ele se sentir em casa, pensei que era uma boa ideia. — Naruto passou a mão nos cabelos. — Como eu ia adivinhar que o bicho de estimação dele era uma raposa?

Alvorecer da primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora