Apaziguar

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Naruto acordou era ainda madrugada, logo mais o sol ia nascer. Por isso ele decidiu se levantar e retornar para seu quarto, sem que ninguém percebesse que estava dormindo em um quarto vazio próximo da cozinha. A decisão foi inteiramente sua, embora Sasuke não o tivesse convidado uma única vez para permanecer no quarto com ele naquela segunda semana de casados. A verdade era que Naruto sequer dava a chance para o convite acontecer, ele esperava Sasuke se vestir para dormir, e assim deixava o quarto antes de vê-lo ir para a cama.

Ele suspirou, pensando nas últimas duas semanas. Poucos dias em vista de toda uma vida que iriam viver juntos.

Até aquela manhã tudo parecia tranquilo, ninguém o viu deixar o quarto ou o aposento de hóspedes, ou se viram não falaram nada. Contudo, encontrou o pai parado no meio da cozinha com os braços cruzados vendo-o sair do outro quarto. Naruto não queria levar seus problemas para os pais resolverem, sabia que poderia se aconselhar com eles, mas preferia resolver aquilo sozinho. O que não parecia estar indo muito bem, já que não tinha a menor ideia do que estava fazendo.

Desabafou com o pai tudo o que estava preso em sua garganta. Em como ele se sentia invadindo a privacidade de Sasuke e se era ao mesmo tempo isolado dos pensamentos dele.

Minato ouviu tudo enquanto servia algo quente para os dois beberem. O clima da primavera era fresco e agradável de dia, mas a noite a temperatura caía no país do Redemoinho.

— Acho que agiu corretamente, mas dormir em outro quarto não vai resolver o problema de vocês. Pode ser que agora esteja ajudando a respeitar o momento de adaptação, mas quanto tempo isso vai durar? — Minato segurava a xícara, observando o filho. — Eu sinto muito orgulho de você, filho. Tenha mais fé em suas habilidades de conquista.

Minato tinha os olhos azuis escondidos pelas pálpebras fechadas enquanto sorria. Ele estava sempre envolvido por aquela aura gentil e Naruto sabia o quanto era prazeroso para o pai ajudar as pessoas.

— Me sinto tolo por ter me apaixonado por alguém que não existe na verdade. Me deixei levar pela emoção do momento. — Naruto abaixou a cabeça, batendo a testa na mesa. — Ele deve me achar um idiota. Todas aquelas cartas eram mentiras, pai.

— Entendo, mas o que você acha do verdadeiro Sasuke?

— Eu não tenho certeza se o que sinto agora é amor, mas... — Naruto levantou a cabeça, encarando-o, não conseguia mentir para aquele homem, ele o analisava com facilidade, podia ver a intenção através de seus olhos. — É claro que ele é bonito, e nossa, sabe provocar. Mesmo de mau humor, é cativante, não sei qual é o problema. Ele é teimoso, mas ao mesmo tempo é compreensível entender seu ponto. Tento agradar de todas as formas, mas o máximo que recebo é um olhar irritado. Às vezes ele parece relaxar, no minuto seguinte trava completamente. Eu o sinto como uma vibração, sabe? Intenso, mas revestido de medo.

Minato acariciou os cabelos loiros do filho, se compadecendo de seus problemas.

— Querido, parece que Sasuke tem dificuldades de demonstrar sentimentos. Eu me senti do mesmo jeito quando me casei com a sua mãe. — Ele falou.

— Mas achei que estavam apaixonados.

— E estávamos, mas viver sob o mesmo teto que outra pessoa é mais difícil do que parece ser. Ainda mais que, naquela época, o seu avô parecia estar em todos os lugares da casa. — A expressão de seu rosto era saudosa, mas depois Minato corou. — Então no primeiro mês foi um pouco mais complicado, quando nós passamos a morar aqui, as coisas se encaixaram melhor. Eu me senti mais a vontade e estabelecemos nossas próprias regras.

Aquela conversa fez Naruto refletir um pouco mais sobre a situação. Ele recebeu um beijo na testa, e Minato o aconselhou de ir descasar em seu próprio quarto. E não deixar de conversar com Sasuke sobre o que incomodava. Afinal de contas, não conseguiriam resolver os problemas sem falar sobre eles.

Alvorecer da primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora