BELLA
Acordo sentindo meu corpo mole e sonolento, a vontade de dormir permanece comigo, principalmente sentindo que estou em cima do mais confortável colchão que existe no mundo, mas quando abro finalmente meus olhos e vejo pela janela que o dia está começando a escurecer, sento-me de supetão da cama macia, lembrando o que aconteceu antes de eu cair nos braços daquele estranho. Olho ao redor notando que estou sozinha e num quarto de hospital, mas que em nada parece o hospital público.
Droga, onde estou?
Vejo que estou recebendo soro pela veia, mas tiro tudo o que vejo ligado a mim e levanto-me, indo em direção as minhas roupas perfeitamente dobradas que vejo numa poltrona chique do outro lado do quarto. Noto uma porta semi aberta que percebo ser o banheiro e é lá mesmo que entro e me visto apressada, louca para dar o fora daqui.
Droga, droga, que confusão me meti dessa vez?
Será que vou perder o emprego?
Meus olhos ficam úmidos ao pensar nisso, minha mãezinha... Ela precisa de mim, penso firmemente quando enfim deixo o banheiro, decidida a sair logo daqui, mas para minha surpresa, vejo quatro pessoas desconhecidas ali.
Um médico, uma enfermeira e um casal perfeitamente vestidos e elegantes como só vi em filmes e novelas.
- A senhorita ainda não recebeu alta e menos ainda autorização para se levantar como fez. - avisa o médico em tom de advertência, caminhando em minha direção.
Saio do seu caminho, desviando quase que com raiva.
- Eu preciso ir embora. - digo com os nervos a flor da pele, querendo sumir daquele lugar o quanto antes, sentindo um arrepio nada bom me tomar.
A enfermeira se coloca em frente a porta, evitando que eu saia e respiro fundo, fico pensando se tiro ela do meu caminho aos tapas ou no grito mesmo, mas meus devaneios são interrompidos por um toque gentil e trêmulo em meu ombro.
Meus olhos encontram os gentis da mulher, muito parecidos com os meus, num tom azul profundo que minha mãezinha sempre dizia que eram únicos como só eu era naquela mundo.
- Por favor, só deixa o doutor te examinar antes. - lágrimas lhe escapam enquanto fala comigo, parecendo comovida por algum motivo que desconheço e mesmo não gostando do rumo disso, acabo por assentir, não querendo causar sofrimento aquela mulher.
Passo a encarar um a um, ainda não entendendo absolutamente nada e com muitas perguntas na cabeça.
- Posso saber o que aconteceu? - minha atenção está voltada totalmente no médico que calmamente volta a caminhar em minha direção, segurando-me pela mão e conduzindo-me de volta a cama.
- A senhorita chegou no hospital desfalecida, fizemos exames e está desnutrida.
- E desde quando resultados de exames saem tão rápidos assim? - pergunto nervosa, odiando saber porque tem tanta gente aqui.
- No lugar onde estamos é tudo questão de poucas horas.
- Onde estou? - pergunto, sentindo meu coração bater forte no peito, um medo nunca sentido antes atravessando todo meu corpo.
O casal está emocionado, encarando-me fixamente e pela proximidade, noto que são casados, ao conferir em suas mãos as alianças. O bolo amargo parece entalar na minha garganta e sinto lágrimas pinicarem meus olhos, não entendo o que está acontecendo, mas não parece nada bom.
- A senhorita está bem, mas precisa de cuidados com alimentação e tomar algumas vitaminas que vou recomendar.
- Aham. - assinto no automático porque é óbvio que não irei comprar nada, entre mim e minha mãe que depende de remédios para viver, é claro como a água que nosso dinheiro será gasto com seu tratamento e nada mais.
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Bella: em outra vida - Série Gêmeas
RomanceBella foi criada apenas pela sua mãe Maria e juntas tentaram superar a pobreza na cidade grande desde que a mais velha ficou desempregada há mais de dez anos. Recentemente, a pequena família descobriu que Maria tem câncer de pulmão e uma cirurgia é...