Capítulo 2

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BELLA


Só pode ser Isadora, a gêmea que falaram, nós somos muito iguais, nunca pensei que alguém pudesse ser tão parecida assim com alguém, mesmo que fosse gêmeo. Claro que ela está impecavelmente vestida e usa uma maquiagem bem feita, ela com certeza é uma visão muito melhor da minha aparência.

- Não pode ser... - verbalizo o que passa em minha cabeça.

A mulher caminha em saltos em minha direção, juntando-se a mãe e segurando sua mão, como se para dar conforto. Engulo em seco. Encaro as duas lado a lado e percebo o quão parecidas são, logo, eu também sou, ela tem alguma semelhança até mesmo o homem que estava mais atrás e que não demora em se aproximar novamente, seus olhos totalmente voltados em mim.

- Finalmente te encontramos, Bella. - ela diz meu apelido com naturalidade, como se fosse comum entre eles, que retribuem num sorriso curto e emocionado.

- Não... - nego-me a acreditar. - Minha mãezinha... - tento em vão engolir o choro que se desmancha diante dessas pessoas estranhas. - Eu quero ver o teste. - peço ao homem que assente e rapidamente me entrega o envelope ainda lacrado.

Como podem ter tanta certeza que sou filha deles? Posso ser só uma sócia da filha, existem tantos casos por aí, eu posso ser só mais uma, não é?

Não.

É o que diz o papel que confirma meu sangue com o deles. Eu sou filha desse casal e não sinto absolutamente nada por eles, apenas mágoa e raiva.

O que será de minha mãezinha?

Tento controlar o choro e mesmo não conseguindo, pergunto aos soluços o que tanto me aflige.

- O que será da minha mãe? 

- Essa mulher não é sua mãe, ela te roubou!! Te roubou de nós, te roubou de mim! - esbraveja Laura, mas é contida pela filha que fala algo, que não consigo entender, em seu ouvido.

- Elisa será indiciada e agora que temos todas as evidências, passará o resto de sua vida atrás das grades.

Assinto, já sabendo que diriam algo do tipo, mas não posso permitir isso.

- Minha mãe está com câncer, não façam isso com ela, por favor...

- Não diga que... 

- Espere... - peço ao homem, encarando-o nos olhos. - Ela está na fase terminal do câncer, não lhe resta muito mais do que poucos meses de vida, não faça nada contra ela, por favor... - percebo o quanto meu pedido perturba toda a família. - Eu faço qualquer coisa que quiserem, qualquer coisa, só deixem minha mãe livre para viver seus últimos meses de vida, por favor... 

Não me importo em suplicar implorando em defesa de minha mãezinha, ela pode ter errado no passado e ainda vou querer saber sua versão, mas nunca poderei reclamar de nada quando ela me amou imensamente, nunca poderei negar isso, fomos felizes mesmo na pobreza e eu faria tudo por ela, como faço agora, ao escutar absolutamente toda a versão deles de toda a história com uma riqueza de detalhes e aceitar as condições de Pedro e Laura Montenegro para que acatem meu pedido. 



**



O carro luxuoso para na frente da mansão, daquelas de novela, totalmente imponente e num branco que até dói as vistas. É lindo demais e nunca me imaginei num lugar desses, aqui será meu novo lar mesmo a contragosto, mas prometi sob a condição de não levarem o processo a diante contra minha mãezinha e ainda exigi que dessem o melhor tratamento médico para ela viver com conforto seus últimos dias, mesmo relutantes fizeram o que pedi e agora sou eu a condenada a viver com eles.

Bella: em outra vida - Série GêmeasOnde histórias criam vida. Descubra agora