Capítulo 17

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BELLA


O clima está estranho durante o jantar, ninguém diz muita coisa e talvez seja por Isadora não estar presente, apesar dela raramente estar presente nos jantares em família.

Encaro meu prato de comida e fico pensando no que posso falar para quebrar esse clima estranho. 

Será que meus pais brigaram?

Não sei, mas eles não parecem ter brigado, chegaram aqui de mãos dadas e tudo.

Talvez seja impressão minha e o incomodo todo seja meu por não estar contando toda a verdade para meus verdadeiros pais. Sinto que estou enganando eles, mas tenho medo de contar e eles proibirem minhas visitas à minha mãezinha. Quase todos os dias durante a semana eu a visito no hospital e isso já acontece há duas semanas inteirinhas.

Laura e Pedro não merecem que eu os engane, eu prometo internamente que irei contar tudo pra eles logo, só preciso primeiro avisar minha mãe. Quero que ela esteja preparada para o que pode vir a acontecer, lembrar do seu estado debilitado nos últimos dias me angustia, principalmente quando ao conversar com seu médico as notícias não eram boas. Maria tem pouco tempo de vida, o doutor disse que não deve passar desse mês e eu só quero aproveitar os últimos momentos com a minha mãe, por quê não posso fazer isso? Eu não quero pensar ou imaginar uma vida sem a mulher que mais amei na minha vida, que foi meu porto-seguro. Eu simplesmente preciso estar com ela e protegê-la até o fim.

- Laura, como foi o trabalho hoje? - pergunto finalmente, para puxar assunto.

Laura sempre vive falando dos negócios e tudo mais, mas devo confessar que detesto o silêncio. Ela não parece tão feliz como esteve nos últimos dias e parece que algo sério aconteceu.

- Foi bom. - responde sem delongas e enruga a testa, estrando sua resposta.

Acho que nunca ela usou tão poucas palavras para falar comigo, mesmo que para responder uma pergunta.

- Está tudo bem? - encaro Pedro também e percebo que tem algo no olhar dele que está tentando esconder.

- Por quê não nos diz você, Isabella? - questiona Laura, deixando-me completamente surpresa.

- Laura, nós combinamos que...

- Não. Eu quero saber. Quero que Isabella diga para nós o que anda fazendo todas as tardes!

Sinto que vou perder a cor do rosto com sua insinuação certeira.

Ela sabe.

Céus, ela realmente sabe!

Algumas lágrimas pinicam meus olhos sabendo exatamente que sou eu quem feri meus pais e agora...

- Eu ia contar para vocês... Como descobriram? - um soluço me escapa sem que eu possa evitar.

- Querida, você lembra que mencionei que por conta do assédio talvez seria bom termos seguranças? Foi isso que aconteceu...

- Por quê não me contaram dos seguranças? - engulo o choro que parece preso na minha garganta.

- Não achamos que seria um problema porque você sempre está conosco e...

- Chega, chega de perguntar, Isabella. A verdade é que você é a errada de toda a história. Você ainda não tem noção do que Elisa fez? - levanta-se da cadeira Laura e finalmente as lágrimas descem em torrentes pelo meu rosto.

- Eu sei que vocês sofreram pelo meu desaparecimento...

- NÃO FOI DESAPARECIMENTO, ELISA TE RAPTOU, TE SEQUESTROU, ELA TE TIROU DE NÓS, DE NÓS... - Laura também começa a chorar. - Você nunca saberá o que é perder um filho dos seus braços, ainda recém-nascido, nós perdemos toda a sua vida e agora... Você está do lado da bandida!

Bella: em outra vida - Série GêmeasOnde histórias criam vida. Descubra agora